Sempre gostei de aeroportos. Gosto de me sentar no chek in e ver todas aquelas pessoas indo e vindo com os seus sonhos e projetos de vida. Além de todas aquelas línguas que se misturam com as chamadas dos voos mais imediatos também.
Ágata pega a sua mala das mãos da motorista do Uber e já à coloca em um carrinho para poder transportá-la melhor. Ela decidi entrar no aeroporto com o pé direito para dar sorte, mesmo sabendo que isso de nada adiantava dali para frente. Pois ela estava ao destino do acaso. Não sabia se ia conseguir um apartamento apropriado para o seu gosto pessoal; muito menos se ia se adaptar àquela nova vida que estava prestes a lhe bater a porta diante de uma cultura que era totalmente diferente da que estava acostumuda no Brasil.
Por mais que eu tenha dificuldade em aprender línguas, sempre achei outras culturas fascinantes. Escutar outras línguas, dialetos e expressões me fazem ter pensamentos muito altruistas e filantrópicos. Além de me fazer pensar que eu não sou o centro do universo. E isso por um lado é muito bom. Me faz crescer e amadurecer, mesmo que eu não entenda nada do que dizem ou expressam nesses dialetos nórdicos.
– Passagem e passaporte senhorita?… – pede a atendente do aeroporto.
– Aqui está!… – Ágata lhe entrega os documentos.
– Passagem só de ida mesmo?
– Sim!
Agora já não tinha mais volta – pensava Ágata enquanto a atendente do voo checava tudo – O Brasil só seria agora uma lembrança muito remota em sua memória e nada mais. Por aqui tinha estudado, feito amizades e romances que ela iria levar como experiência para a nova terra prometida.
– Tudo certo senhorita Ágata! – A atendente lhe devolvia os seus documentos, já percebendo que ela também tinha a tão sonhada cidadania portuguesa, que muitos anseiavam e poucos conseguiam em tempos de anti-imigração como aqueles – Boa viagem!
– Obrigada!
A fila para o embarque no Air Tap Portugal era muito longa. Mas enfim, às oito horas da noite, Ágata finalmente entrou naquele avião se ajeitando perto da janela para contemplar o tão sonhado mar que seus pais sempre insistiam em cada viagem que era lindo e majestoso.
Enquanto todos se ajeitavam em seus respectivos lugares, o piloto ia dando instruções de seu plano de voo para os passageiros que não estavam interessados naquilo. Pois as aeromoças iam dando à todos sem excessão, aqueles fones de ouvido onde todos acabavam se dispersando em seus sonhos e planos que ainda estavam por ser construidos antes que o avião pudesse decolar.

