As consequências do Apocalipse

Ágata começou a ver vários cartazes nas ruas anunciando o tão esperado Apocalipse. Pois o anti-cristo todos já sabiam que era o presidente dos Estados Unidos, ainda mais depois dele fazer todos aqueles pronunciamentos diante dos jornalistas de Washington, que previam a morte do papa Francisco para março daquele ano.

Muitos acabaram abandonando seus lares com a chaleira ainda a zunir pela cozinha. Escapavam dos escombros e dos drones que pairavam no ar com seus alvos bem localizados. Viamos carros no meio da rua e crianças gritando sem saber para onde iriam seus melhores amigos daqui para a frente.

Ágata se manteve firme. Foi uma das poucas pessoas que ficaram em Portugal para cobrir melhor a guerra pela Europa. A cidade do Porto se esvaziou como o Coliseu em Roma de antigamente. E assim, ela resolveu retornar para o seu trabalho fotográfico tirando várias fotos daquele conflito previsto por ela a alguns anos atrás, com o início da guerra na Ucrânia e na Palestina também.

Ela nunca se imaginou em cobrir o Apocalipse para o mundo, ainda mais, fazendo matérias jornalísticas exclusivas do conflito. Tirava fotos de famílias que ficaram totalmente carbonizadas pelo fogo das bombas jogadas por drones militares, além de crianças que muita das vezes, perdiam todos os seus familiares no conflito; e que andavam no meio das ruas procurando algum amigo ou desconhecido que pudesse lhe dar abrigo e comida.

Era tudo muito assustador. Ágata acabava pensando muito nos seus avós, que fugiram da 2ª Guerra Mundial para se livrarem de uma Europa muito enfraquecida economicamente, e agora, parecia que tudo estava voltando ao que era. Com conflitos sem sentido e o mundo todo participando do conflito sem que alguns países pudessem ter condições de se manter em estado de guerra.

Os estrondos eram sentidos na sacada de seu apartamento no Porto. E até algumas fotos foram tiradas desse local. Mas o que deixava os seus leitores mais impactados eram as fotos dos corpos de guerra. Via-se muitas mutilações espalhados pelas ruas de Portugal. E o que era antes uma cidade bela para se visitar, rapidamente se tornou um lugar devastado pelo conflito. Com igrejas, universidades e museus totalmente destruídos. Levando para o fundo do poço séculos de história medieval.

Tudo agora era uma questão de tempo até que as grandes potências mundiais tivessem coragem de testar suas bombas nucleares. Rússia estava esperando ataques vindos dos Estados Unidos e da Europa, mas parecia que ninguém queria gravar o seu nome na história despejando suas primeiras armas nucleares no vizinho. Mas logo, a China decidiu iniciar o conflito mirando na Casa Branca em Washington, matando milhares de civis, jornalistas e políticos de ambos os partidos do congresso americano.

Ágata leu a matéria no jornal enquanto Portugal estava sendo atacado à noite por forças ocultas de drones sem identificação, mas os políticos europeus logo preferiram colocar a culpa na Rússia e na China, porque era muito mais cômodo.

Portugal não tinha bunkers! Somente cidades muradas, onde as pessoas começaram a se abrigar e logo os pequenos vilarejos ficaram totalmente abarrotados de gente. Ágata aproveitou a oportunidade para ajudar na entrega de cestas básicas para famílias que perderam tudo nos grandes centros, como Lisboa, por exemplo.

O que mais à deixava assustada era o estado emocional das crianças que não sabiam o motivo de estarem abandonando suas casas e amigos de escola. Diziam que essa guerra não tinha vencedor e só perdedores. O que iriam fazer daqui para a frente?…

Ágata não tinha a resposta para aquela pergunta. Mas o que mais lhe intrigava, era o fato de que ela tinha avisado sobre um possível novo conflito anos atrás; e parecia que os países tampavam os seus ouvidos com acordos políticos que só beneficiavam seus próprios interesses econômicos.

E assim, aos poucos, ela foi perdendo seus colegas de trabalho, que eram citados em rádios, como grandes personalidades, que tinham feito algo para a sociedade. Levando-os a pensarem de forma diferente e mais consciente do que os políticos queriam.

Suas fotos apareciam nos jornais, levando-a às lágrimas. Ela se lembrava das histórias de cada um e do duro que tiveram que dar para chegar aonde chegaram. Mas infelizmente, suas vidas tinham sido interrompidas por causa do luxo político de se governar para líderar. Mas a grande pergunta que pairava em sua cabeça era:

Por que um país tinha que competir para ser uma potência?


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