A abstinência digital

Era mais um dia habitual na cafeteria preferida de Ágata no Porto, em Portugal. Como de costume ela estava escrevendo diversas colunas informativas sobre a geopolítica mundial em seu site particular quando inesperadamente ela começou a prestar atenção ao noticiário local:

Pela primeira vez em nosso mundo tecnológico ocorrerá um apagão em todos os nossos serviços digitais por tempo indeterminado. Os CEO’S das Big Techs não sabem ao certo o porquê disso estar acontecendo em pleno século XXI, mas admitem, que o pior ainda pode estar por vir. Então… alertamos aos nossos assinantes para se protegerem, seja lá do que for.

Ágata quando voltou os seus olhos para o seu blog pessoal já estava indisponível. Sua sorte foi que ela guardava todos os seus textos no word da Microsoft.

Os burburinhos pela cafeteria recomeçaram a todo o vapor, como se as pessoas soubessem que aquilo deveria ser apenas provisório, mas na realidade, depois de um certo tempo, acabou não sendo.

Muitos começaram a passar por ela na rua e até perguntavam se ela tinha rede móvel em seu celular. O que ela respondia que não, já sabendo que aquilo poderia ser de propósito por causa das políticas globais.

Alguns começaram a sofrer de abstinência tecnológica, não sabendo o que iriam fazer em seu tempo livre, já que à nova realidade exigia a leitura de algum livro ou até mesmo o contato com outro ser humano de maneira cara a cara. Ágata não reclamou com ninguém. Na redação do jornal só escutava os comentários e foi a mesma coisa nas Universidades de Portugal onde dava aulas e palestras.

O mundo preferiu o retorno das cartas e os correios logo voltaram a todo o vapor quase que de maneira instantânea. A grande maioria teve que conter a sua ansiedade para receber respostas dos parentes que moravam longe das Terras Lusas; mas aos poucos, todos foram se adaptando a não precisar mais de suas redes sociais para sobreviver.

Ninguém sabia ao certo o que tinha realmente acontecido com a revolução da Inteligência Artificial e suas redes sociais em contínua adaptação. Mas aos poucos as pessoas pararam de se preocupar com isso e o mundo voltou a ser mais natural e realista. Alguns aderiram com unhas e dentes aos jogos de videogame novamente pois os espcialista diziam que isso fazia muito bem ao cérebro em doses moderadas é claro.

Na redação do jornal tudo ficou mais natural também. E logo, Ágata resolveu deletar todas as redes sociais que o jornal utilizava alegando que as pessoas agora só se preocupavam com as notícias do mundo escritas no jornal apenas. E assim, o mundo teve uma anscensão de novas assinaturas nos jornais mundiais que se responsabilizaram novamente em entreter e informar sua adorada população.

É claro que ficou muito mais difícil saber o que tal celebridade estava fazendo com o seu tempo livre, já que as redes sociais respondiam quase que instantaneamente à isso. Mas os artistas até que gostaram da nova sociedade que estava se recriando e se readaptando à esse novo mundo sem o advento da tecnologia em seu encalço em tudo o que uma determindada pessoa fazia da sua vida.

Ágata também ficou muito impressionada com à demanda de livros que começaram a ser vendidos na Livraria Lello, no Porto, em Portugal. Parecia que a maioria das pessoas estavam redescobrindo a arte da leitura novamente, como se fosse a primeira vez que tateavam um livro novo, recém saído da impressão para consumo. Via-se as pessoas nas ruas atentas à leitura novamente e isso era muito bom para as livrarias mundo afora, pois as ameaças recorrentes de falência foram extinguidas do vocabulário popular. E assim, quando o apagão do mundo tecnológico foi resolvido e as redes sociais foram reestabilizadas junto com as suas inteligências artificias, as pessoas por escolhas próprias, preferiram deletar as suas redes sociais, gerando uma crise sem precedentes no hoje, já extinto, Vale do Silício.


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