A sétima arte contemporânea

Nada mais era como antes. As pessoas pareciam mais vivas do que nunca. Os CEO’S das Big Techs foram aos poucos perdendo toda a sua fortuna, construindo bunkers para um apocalipse que nunca chegava. Acabaram ficando loucos com as possíveis guerras que poderiam acontecer no mundo, mas que logo, ficou comprovado que não passava de teorias da conspiração sem fundamento científico e teórico algum.

Ágata se dedicou com muito empenho ao novo mundo que estava ressurgindo. Dava suas aulas e palestras nas Universidades Lusas e ainda por cima, sempre escrevia nos jornais locais como uma ativista política.

O mundo tinha ficado bem melhor sem as redes sociais e seus criadores que não sabiam o que faziam com suas somas sempre alarmantes de dinheiro. O único bilionário que se manteve em pé foi o senhor Bill Gates. Que acabou doando toda a sua fortuna para acabar com a fome no mundo. E assim, o planeta se livrou da escassez de comida para sempre.

Também não existia mais a divisão de países que eram desenvolvidos daqueles que eram considerados sub-desenvolvidos. Pois todas as bandeiras começaram a se tratar de maneira muito harmônica e homogênea. Mas para deixar claro aqui, não víviamos em um comunismo ideológico também.

As pessoas estavam muito mais cultas e inteligentes. E a grande maioria começou a acreditar que estava dormindo esse tempo todo, por causa da influência que as redes sociais exerciam em suas vidas. Controlando o que viam baseados nos gostos pessoais que cada um tinha sobre a cultura, política, econômia e arte. E assim, todos tiveram que saber respeitar opiniões diferentes das que tinham para que assim, pudessem viver todos em harmonia.

As experiências pessoais voltaram a ter muito mais importância também. Pois antes, a grande maioria deixava se levar pela influência dos influencers que simplesmente perderam os seus empregos e tentavam recomeçar suas vidas em empregos normais novamente.

Porém, para ser considerado um artista novamente, à pessoa tinha que começar a cantar em bares e pubs, deixando de lado as redes sociais e toda a comodidade de seus lares com wifi. Elas tinham que reaprender a conviver com o seu séquito de seguidores de maneira pré-histórica. Conversando, dialogando e trocando ideias sobre o mundo em que estavam, repleto de artes nos muros das cidades.

As concessionárias também tiveram que se readaptar bem rapidamente, pois ninguém queria mais carros à gasolina. Mas felizmente, a Tesla do senhor Elon Musk acabou falindo, pois todos fizeram mutirões nas ruas protestando contra as políticas adotadas por ele à favor de seu eterno amigo Donald Trump. Em seguida, foi a vez da empresa META do senhor Mark Zuckerberg, que viu falir bem diante de seus olhos as suas queridas redes sociais: o Facebook, o Threads e o Whatsapp. Onde as pessoas de um dia para o outro, simplesmente deletaram suas contas sem qualquer aviso prévio.

As bibliotecas voltaram a ficar abarrotadas de gente com filas nas portas e até reserva marcada, para que as pessoas pudessem desbravar aqueles livros que ainda não tinham sidos explorados adequadamente. E logo, as prefeituras locais tiveram que contratar mais pessoas para que pudessem atender à nova demanda exigida.

E assim, num passe de mágica, viamos novos empresários investindo todas as suas economias na abertura de novas livrarias espalhadas pelo mundo afora, numa espécie de franquia de Mc’Donald’s. E agora, todos queriam ser escritores, poetas e compositores de bandas mais famosas que os Beatles algum dia foram.

Todos sabiam que isso era impossível, mas cada pessoa voltou a acreditar em seu potencial criativo e artístico como algum dia os meninos de Liverpool acreditaram. E o que antes estava esquecido e adormecido, agora era lembrado novamente como à sétima arte contemporânea.


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