Os nômades

As revoltas começaram a se instaurar em todos os países. E não demorou muito até que o povo decidisse transformar as suas políticas em um Anarquismo. Ágata achava tudo aquilo fabuloso, pois muitos estavam seguindo suas ideias de reformas parlamentares ao redor do globo. E assim, o poder estava enfim, voltando para as mãos do povo novamente.

Muitos políticos começaram renunciaram aos seus cargos sem motivos aparentes. Abandonavam seus partidos políticos e iam curtir sua férias intermináveis nas Bahamas, alegando que estavam perdidos no meio de toda aquelas pessoas cultas e extrovertidas também.

Ninguém gostava mais de enganar as pessoas com suas promessas econômicas sem sentido. Diziam que estavam fartos disso. Alegando que brigavam muito em casa. Era só alguém dizer que seria político que automaticamente todos iam contra aquela ideia sem fundamento.

As universidades começaram a sofrer com isso também. Muitos desistiram dos cursos preparatórios sem nenhum motivo aparente e imediatamente iam para as artes ou para a temida filosofia do grego e latim.

Os partidos foram fechando as portas também, alegando que ninguém mais queria se filiar às suas ideias. Explicavam que preferiam pensar por conta própria, sem que tivesse nenhuma cartilha para isso.

Do que adiantava ser de direita, de esquerda ou de centro?…

Se a sociedade era uma só!

Ágata não estava sozinha nessa. Existiam outros pensadores que ajudavam a guiar a sociedade por caminhos ainda pouco explorados pela civilização. Então… Por que ficar se baseando em ideias advindas de partidos políticos que nunca tinham ido até onde os mapas terminavam?

Logo na sequência, víamos o início da falência dos bancos também. O povo agora preferia guardar o seu dinheiro em casa ou na caçamba de algum furgão antigo e pouco rodado. Porém, alguns resolveram contruir casas sob quatro rodas e saiam para descobrir e desbravar o mundo. Parando em pontos de abastecimento e perguntando para onde ficava tal estrada ou lugar, ao qual, nunca tiveram a oportunidade de visitar.

Na opinião de alguns conservadores, eram tempos muito sombrios e estranhos. Pois como assim, ninguém mais queria ser governado?…

A segurança também tinha sido extinta. Pois não havia mais os departamentos de polícia. O povo afirmava que ninguém mais precisava de armas para se defender. Qualquer um podia entrar em sua casa e pegar o que quisesse para sobreviver. Contanto, que não violasse ninguém. Essa era a nova lei para os forasteiros.

As casas que ficaram abandonadas foram logo ocupadas. Mas depois de algumas semanas os novos moradores se cansavam do lugar e da paisagem e voltavam para a estrada. Afirmando que não existia lugar melhor no mundo do que desbravar o desconhecido.

A maioria sobrevivia com piqueniques. Paravam nos acostamentos de estradas e dividiam o que tinham com estranhos ou trocavam mercadorias com muita educação e bom senso.

Ágata acreditava que aquele mundo era muito mais cortês e inclusivo. Pois todos estavam indo para algum lugar em específico. Levando consigo suas mulheres, maridos, filhos e cachorros.

Parecia que todo aquele explendor da década de 60 tinha finalmente voltado. Ou quem sabe estava prestes a acontecer novamente, como diria Paul McCartney, em sua autobriografia autorizada, intitulada: Many Years from Now.

O mundo novo estava clamando por Arte. Os artistas se sentiam representantes do povo e faziam suas produções artísticas baseados em diversas atrocidades que se depararavam ocasionalmente. Fazendo com que a sociedade viesse a refletir sobre aquilo de uma maneira muito mais profunda.

A sociedade por sí só se autorregulava. E aqueles que não sentiam a necessidade de viajar, mantinham as suas casas em constante arrumação para receber andarilhos que precisavam de conforto, comida e descanso.

Ágata tinha feito amizade com alguns ciganos que se estabeleciam em Lisboa provisoriamente. Os portugueses olhavam embasbacados para aquela nova cultura. Ficavam todos admirados com o desapego que eles tinham as coisas e ao dinheiro. Mas em compensação, eram extremamente eruditos no mundo das artes. Expondo suas fotografias e pinturas em diversos museus do mundo, sem que recebessem os royalties devidos por aquilo.

E assim, aos poucos, as crianças se projetavam em um futuro onde também queriam ser artistas reconhecidos pelo seu trabalho em prol de uma sociedade mais justa e sustentável também. Com comida na mesa e tendo o que vestir para os dias mais frios e tristes que poderiam vir à enfrentar.


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