Ágata via seus alunos se destacando em diversas areas mundo afora. Lia nos jornais seus feitos que à deixavam muito orgulhosa. Até parecia que tinha sido ela quem tinha conquistado algumas honrarias de estado. Estava em paz consigo mesma. Deixando que fosse apenas uma coadjuvante no círculo da história.
Não tinha mais ambições. Estava esgotada por ter conseguido tudo o que sempre quiz, o tão sonhado anomimato.
Ainda continuava dando aulas na escola dinamarquesa. Explicava aos seus novos alunos o que os antigos estavam fazendo de importante no novo mundo. Trazendo consigo alguns recortes de jornais, que eram lidos com muita atenção e carinho.
As criancas começavam a desejar à fase adulta. Queriam que a adolescência passasse rápido. Mas Ágata explicava que todas as fases do desenvolvimento eram importantes para cada integração física. E assim, se voltavam com muita impaciência para os seus mundinhos cheios de desenhos rabiscados nas paredes de suas casas.
No conselho de classe todos os pais queriam falar com Ágata, mas ela não dava importância aquilo. Pois sabia que todos tinham seus caminhos cheios de percalços para desviar e muitas vezes até mesmo enfrentar.
Seus alunos voltavam para casa cheios de planos para o futuro. Diziam que queriam ser astrônomos, arqueólogos, astronautas, designer’s para a tecnologia vindoura e quem sabe até inventores de alguma inteligência artificial que substituisse o trabalho escravo de algumas marcas de luxo.
Todos deixavam suas famílias malucas. E quando os pais queriam falar com a professora responsável por aquela desordem, a diretora acabava despintado-a, pois sabia que aquilo no futuro iria dar frutos para a reputação da escola. Quem sabe alguém saindo em alguma capa importante do Time ou quem sabe do The New York Times talvez.
Ágata sempre saia impune. Pois ninguém queria se meter com aquele espírito livre e desordeiro. E assim, continuava seu trabalho de ensinar a arte da deserção.
Seus alunos anotavam no calendário quando teriam outra aula de sua professora favorita. Tinham ânsia por seu conhecimento, pois sabiam que iriam precisar deles para enfrentar aquele mundo avesso à gentilezas e carinhos.
Os novos se transformaram em antigos e logo veio a formatura da turma. Ágata, é claro, foi escolhida para ser paraninfa daquela pequena comunidade. E assim, acabou fazendo um lindo discurso na cerimônia de encerramento daquele ano, onde todos, sem excessão, acabaram chorando por ver seus filhos e filhas crescidas e prontas para enfrentar todas as adversidades que o mundo pudesse depositar em seus ventres.
Ágata começou a fazer pequenas colagens dos feitos de seus ex-alunos em seu escritório particular. Emoldurava cada artigo de jornal que saia na imprensa local e internacional. Confessava que muitas das vezes, até chorava de emoção.
Uns se transformaram em grandes empresários filantrópicos, outros em grandes médicos de zonas de guerra. Poetas e escritores tiveram poucos em seu currículo. Alegavam que preferiam à pratica do que a teoria literária. Mas quando era preciso mostravam a maldade do mundo em crônicas, contos e romances que imediatamente se transformavam em Best-Sellers. Diziam que não queriam mais ter que enfrentar aquelas situações desagradáveis, mas no mundo da arte era preciso enfrentá-las para que a esperança pudesse trazer a união dos povos contra qualquer tipo de injustiça novamente.
E assim, os anos foram se passando e o mundo foi se esquecendo dos feitos de Ágata. Seus livros já mofavam nas livrarias para que desse lugar as novas mentes mais prolíficas. Mas mesmo assim, ela gostava de recordar à sua mocidade. Tinha viajado pelas estradas do mundo à procura de algo estavél e no fim, tinha econtrado um pequeno país para filosofar sobre a vida.
Talvez a vida realmente não fosse mesmo planejada pelo todo poderoso. Caberia à nós construir às estradas e rodovias do nosso próprio mundo exterior e interior.
E no fim, era isso o que mais importava.
Já estava na hora de pegar à estrada novamente.
Pensava Ágata quando o período letivo de sua turma acabou e seu trabalho enfim, se encerrou sem que pudessem se despedir dela ou fazer qualquer tipo de confraternização.
Ágata era assim, não gostava de despedidas. Colocava tudo de essencial em sua mala e trancava à sua porta para que pudesse ser aberta em outro país que à contemplasse como ela era: uma simples forasteira sem pátria.

