Ágata se lembrava de maneira muito recorrente sobre os campos de batalha na Ucrânia e na Rússia, ao qual esteve como correspondente internacional. Entrevistou diversos soldados dos dois lados da guerra. E alguns relatos ela acabou publicando nos jornais internacionais, para que o mundo pudesse tomar coragem para agir de alguma maneira. Mas infelizmente, ninguém queria se comprometer com aquilo ou pelo menos, tomar partido.
Na mesma medida também acontecia a guerra entre Israel e Palestina, ao qual, ninguém se mexia para acabar com aquele conflito desnecessário.
Nesses países o serviço militar tinha se tornado obrigatório novamente. E Ágata via o desespero dos jovens que muitas das vezes mal sabiam pegar em armas. Mas pelo menos, tinham um sentimento patriótico em defender suas terras com todo o seu coração e isso era de um heroismo extremo e ao mesmo tempo muito admirável também.
Alguns simplesmente viviam nessas regiões de guerra como se estivessem em paz consigo mesmas, saindo com os amigos ou marcando algum jantar romântico com o seu parceiro, enquanto as bombas caiam ao longe, devastando sonhos e planos de vida.
Os países da europa se reuniam para tentar fazer novos acordos para um cessar fogo aparente, mas a guerra continuava a todo o vapor; só que os noticiários acabaram se cansando daqueles conflitos que não geravam mais likes e curtidas em suas redes sociais e assim, decicidiram não cobrir mais os eventos com os seus correspondentes de guerra.
Ágata ficou bastante decepcionada e decidiu resistir à tudo aquilo recolhendo o máximo de material que conseguiria com as pessoas que moravam em zonas de guerra. E assim, tirou diversas fotos sobre o conflito. Corpos putrefados nas ruas, destruições históricas de prédios importantes que eram tombados e até de alguns soldados que expressavam suas insatisfações para ela, como se ela fosse alguma psicóloga que estava ali para curá-los de todo o mal que viam e ouviam à noite.
Mas quando o conflito começou a ficar mais perigoso, Ágata decidiu retornar para Portugal, visando uma outra matéria sobre o conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Levou consigo fotos e relatos muito importantes sobre o conflito e publicou no jornal local do Porto, que automaticamente saiu em diversos outros veículos na imprensa internacional também.
Outros países também entraram em contato com as suas matérias sobre o conflito e ficaram atônitos com o que poderiam fazer para salvar todas aquelas pessoas. Alguns países da Europa resolveram enviar alguns suprimentos e armas que imediatamente foram desviados pelo governo russo; outros, ofereceram asilo político à quem quisesse. O que gerou a maior imigração da história. Onde a maior parte dos ucranianos foram se dispersando ao longo da Europa.
Pela primeira vez em séculos, vimos a direita política comungar com a esquerda, ajudando no processo de fronteiras até a Ucrânia não ter mais ninguém que ficasse por lá para contar a história aos seus filhos netos e bisnetos.
A Rússia continuou a bombardear a Ucrânia até não deixar mais nada em pé de igualdade. E assim, o que antes era chamado de território ucraniano, foi indevidamente anexado à Rússia como sinal de poder e soberania. E o mesmo ocorreu com a Palestina. Tendo Israel tomado o território para si, deixando os palestinos sem casa e um lugar para sossegar o coração em paz.
Ágata ainda se lembra, como se fosse ontem, aonde estava quando escutou pela primeira vez as sirenes que a levaram diretamente para a terceira guerra mundial. Ela estava descansando a mente dentro da Livraria Lello, no Porto, folheando alguns livros sobre fotografias de guerra, quando uma atendente veio até ela lhe mostrar os noticiários em seu celular.
Imediatamente todos que estavam na livraria foram evacuados do local sem entender nada, pois todos alegavam que tinham pagado uma boa quantia para entrar ali, sem que pudessem sair sem nenhum livro sequer para registrar a lembrança em seus corações. Mas a gerente da livraria foi insistente e todos respeitaram a decisão com uma certa indignação nos olhares.
Ágata entrou num restaurante qualquer depois do ocorrido e observou que todos estavam olhando para a televisão estupefatos, deixando em seus rastros o silêncio absoluto. Pois o presidente dos Estados Unidos acabava de informar à todos – no salão oval da Casa Branca – que a Terceira Guerra Mundial, enfim, tinha começado com um pesar enorme em seu coração, por mais que eles tenham tentado de tudo para sanar o conflito entre o Oriente Médio – Israel e Palestina – e entre a Rússia e a Ucrânia também.
As sirenes foram tocadas novamente, para anunciar à população do mundo todo que novas guerras estavam por vir. E assim, Ágata se lembrou dos tempos de seus avós portugueses, que tinham fugido da Europa, para buscar asilo no País que nunca saia do futuro como promessa.