• Sobre o Autor

Guilherme Müller

  • Rumo a um novo apartamento, universidade e livraria

    fevereiro 15th, 2025

    O desembarque no aeroporto do Porto foi bem tranquilo. Fui seguindo o fluxo das pessoas pelo terminal. Passei pelas lojas de perfumes, roupas e comidas. Preferi não comprar nada, pois estava mudando o meu jeito consumista de ser.

    Ágata enfim, depois de doze horas de viagem, finalmente desembarcou em Portugal. Esatava ansiosa para encontrar a sua advogada que também era corretora de imóveis por lá.

    – Chegou bem de viagem? – pergunta sua advogada no instante em que ela liga os dados móveis de seu celular.

    – Cheguei sim! – responde Ágata ao ficar totalmente perplexa ao vê-la – Não vai me dizer que você també estava no mesmo voo que eu?

    – Estava sim! Bem atrás de você.

    – Já quero ver os apartamentos disponíveis o quanto antes. Tudo bem para você?

    – Sem Problemas!

    Sua advogada lhe levou logo pelas vielas do Porto, onde sua infância era repleta de memórias e lembranças de suas férias de natal. Ágata já ia se deslumbrando com os turistas fora de estação, que sempre andavam em grupos, para que assim, pudessem expressar suas impressões daqueles locais bastante acolhedores.

    O dia tinha sido muito produtivo para ambas. Sua advogada lhe levou a dezenas de apartamentos naquele dia, que suas pernas estavam começando a ter fortes cãimbras que era até difícil escondê-las ao andar por aquelas vielas.

    – Já me decidi Elizabeth!

    – Mas como assim?… Nós ainda estamos no primeiro dia apenas… – reage a sua advogada, tendo medo que sua cliente faça uma escolha sem pensar, como sempre tinha feito em sua vida.

    – Gostei daquele que fica no centro, perto da Universidade do Porto, onde fica perto de restaurantes, mercados e bancos. E isso é tudo de que eu preciso já que eu não gosto de ter carro para me levar aos locais desejados. O que achas?

    – Bem… se você está feliz… por mim tudo bem. Podemos fazer uma proposta.

    – Quanto eles estão pedindo? – pergunta Ágata, como se aquilo fosse desnecessário de se fazer.

    – Oitocentos mil euros! Mas sempre é bom lembrar que esse tem três quartos além de um escritório extra para que você possa produzir os seus textos.

    – Perfeito Elizabeth! É esse que eu quero então.

    – Amanhã irei fazer uma proposta para eles. Tudo bem?

    – Só não esqueça de dizer à eles que sou cidadã portuguesa e gostaria de comprar o imóvel porque fica perto de tudo, inclusive da Universidade do Porto, local onde pretendo estudar o quanto antes.

    – Pode deixar!

    – Então tá! Até amanhã.

    Ágata aproveita aquele tempinho extra em sua agenda e decidi se matricular logo no curso de jornalismo da Universidade do Porto. Plano esse, que já estava vindo à pensar enquanto ainda estava dentro daquele avião da TAP Air Portugal.

    Porém, inesperadamente no momento em que estava passando em frente à Livraria Lello. Ágata pôde reparar que um dos funcionários de lá estava colando uma placa fora do estabelecimento onde se dizia:

    Precisa-se de funcionários que ainda estão à estudar na Universidade. Favor entrar em contato com a gerente o quanto antes. Não deixes está oportunidade lhe fugir pelas mãos.

  • Portugal em seu plano de voo

    fevereiro 14th, 2025

    Sempre gostei de aeroportos. Gosto de me sentar no chek in e ver todas aquelas pessoas indo e vindo com os seus sonhos e projetos de vida. Além de todas aquelas línguas que se misturam com as chamadas dos voos mais imediatos também.

    Ágata pega a sua mala das mãos da motorista do Uber e já à coloca em um carrinho para poder transportá-la melhor. Ela decidi entrar no aeroporto com o pé direito para dar sorte, mesmo sabendo que isso de nada adiantava dali para frente. Pois ela estava ao destino do acaso. Não sabia se ia conseguir um apartamento apropriado para o seu gosto pessoal; muito menos se ia se adaptar àquela nova vida que estava prestes a lhe bater a porta diante de uma cultura que era totalmente diferente da que estava acostumuda no Brasil.

    Por mais que eu tenha dificuldade em aprender línguas, sempre achei outras culturas fascinantes. Escutar outras línguas, dialetos e expressões me fazem ter pensamentos muito altruistas e filantrópicos. Além de me fazer pensar que eu não sou o centro do universo. E isso por um lado é muito bom. Me faz crescer e amadurecer, mesmo que eu não entenda nada do que dizem ou expressam nesses dialetos nórdicos.

    – Passagem e passaporte senhorita?… – pede a atendente do aeroporto.

    – Aqui está!… – Ágata lhe entrega os documentos.

    – Passagem só de ida mesmo?

    – Sim!

    Agora já não tinha mais volta – pensava Ágata enquanto a atendente do voo checava tudo – O Brasil só seria agora uma lembrança muito remota em sua memória e nada mais. Por aqui tinha estudado, feito amizades e romances que ela iria levar como experiência para a nova terra prometida.

    – Tudo certo senhorita Ágata! – A atendente lhe devolvia os seus documentos, já percebendo que ela também tinha a tão sonhada cidadania portuguesa, que muitos anseiavam e poucos conseguiam em tempos de anti-imigração como aqueles – Boa viagem!

    – Obrigada!

    A fila para o embarque no Air Tap Portugal era muito longa. Mas enfim, às oito horas da noite, Ágata finalmente entrou naquele avião se ajeitando perto da janela para contemplar o tão sonhado mar que seus pais sempre insistiam em cada viagem que era lindo e majestoso.

    Enquanto todos se ajeitavam em seus respectivos lugares, o piloto ia dando instruções de seu plano de voo para os passageiros que não estavam interessados naquilo. Pois as aeromoças iam dando à todos sem excessão, aqueles fones de ouvido onde todos acabavam se dispersando em seus sonhos e planos que ainda estavam por ser construidos antes que o avião pudesse decolar.

  • A despedida de um país sem futuro

    fevereiro 13th, 2025

    Ágata pela manhã tinha ido aos bancos encerrar as suas contas. Falou com a gerente e disse que ia para Portugal, morar no Porto, por algum tempo.

    – Estou tão feliz Cristiane!… – se empolga de excitação Ágata, imediatamente percebendo que aquilo não tinha pegado bem naquela conversa sobre os seus pais – Eu sei!… Eu devia estar triste e toda chorosa pelos cantos, mas isso não é a minha essência… compreeende?

    Ágata sai do banco com aquele montante de dinheiro em sua bolsa, se sentindo muito mais aliviada, por ter escolhido uma bolsa de sua mãe que era bem maior do que à que ela habitualmente usava.

    Com esse dinheiro e com a venda de minhas moradias acho que conseguirei comprar um espaçoso apartamento no Porto, com dois quartos e um escritório para que eu possa escrever bem à vontade.

    No dia da viagem, Ágata tinha se deparado com um pensamento bem inusitado:

    Como as Pessoas acumulam coisas em sua vida sem qualquer tipo de necessidade imediata aparente. Tenho que escolher só o necessário, então vou escolher:

    dois pijamas, um chinelo, dois tênis, algumas calcinhas, duas calças jeans e muitas camisetas sem que eu me esqueça é claro, dos meus dois casacos de pelos favoritos, além de meu iPhone e MacBook também.

    Com as malas prontas e lacradas com os respectivos cadeados, Ágata pede um Uber já no elevador do prédio e fica totalmente perplexa com a velocidade que a motorista do aplicativo lhe responde dizendo que só irá demorar um minuto à espera.

    – Adeus Romualdo! – Diz Ágata toda atrapalhada com a sua mala ao sair pela recepção de seu antigo prédio.

    – Você está esquecendo das chaves senhorita Ágata! – avisa Romualdo, pegando-as no ar, ao mesmo tempo em que tenta ajudá-la da maneira que dava enquanto o telefone da recepção não parava de tocar um instante sequer.

    E Assim, Ágata sabia que era o fim de sua história no Brasil ao olhar por uma última vez para o seu antigo prédio onde tinha vivido tudo com os seus pais. Mas por outro lado, um novo caminho se abria na ida até o aeroporto Antônio Carlos Jobim.

  • Uma notícia para a liberdade

    fevereiro 12th, 2025

    A temida ligação finalmente tinha chegado em seu celular pela manhã. Ágata se levantou já com ele em punho e começou a ler a mensagem enviada diretamente do hospital local:

    Informamos o falecimento da senhora Wilma e do senhor Felipe em decorrência de causas naturais, devido ao estado avançado de suas respectivas idades. Venha o quanto antes reconhecer o corpo de seus entes queridos para que possamos dar andamento ao valor final das respectivas estadias.

    Ágata por um instante ficou perplexa com aquela nota do hospital, pois um dia antes, ela tinha ido ao encontro de seus pais para jogarem conversa fora – porque ela acreditava que eles iriam ter alta o quanto antes – mas pelo visto isso não era a mais pura verdade vinda das enfermeiras do hospital.

    E agora?… O que vou fazer sem eles por perto?… – pensava Ágata enquanto escovava os seus dentes de uma maneira muito desleixada – Vou ter que enterrá-los e depois terei que ser forte para seguir com a minha própria vida. Sempre sonhei com esse dia, mas nunca pensei que esse dia chegaria tão cedo. Mas pelo visto chegou.

    Ágata se sentou em sua cama calmamente – como se quisesse tranquilizar a dor que estava sentindo em seu peito – para calçar os seus tênis e logo veio em sua mente a possibilidade de finalmente morar em um outro lugar.

    Meus pais sempre me incentivaram a desbravar o mundo, mas por outro lado, sempre me quiseram ao lado deles o tempo todo, então… eu sempre fiquei numa situação muito dificil. Mas agora vejo que não é hora de chorar e sim, tentar abrir a minha alma com novas possibilidades e aventuras que só o destino irá me libertar.

    E assim, Ágata decidi tomar coragem para ir ao hospital fazer o reconhecimento dos corpos de seus pais, ao mesmo tempo em que tenta se imaginar em um outro lugar para se amar e ser feliz novamente.

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