• Sobre o Autor

Guilherme Müller

  • As sirenes tocam para a 3ª Guerra Mundial?

    fevereiro 25th, 2025

    Ágata se lembrava de maneira muito recorrente sobre os campos de batalha na Ucrânia e na Rússia, ao qual esteve como correspondente internacional. Entrevistou diversos soldados dos dois lados da guerra. E alguns relatos ela acabou publicando nos jornais internacionais, para que o mundo pudesse tomar coragem para agir de alguma maneira. Mas infelizmente, ninguém queria se comprometer com aquilo ou pelo menos, tomar partido.

    Na mesma medida também acontecia a guerra entre Israel e Palestina, ao qual, ninguém se mexia para acabar com aquele conflito desnecessário.

    Nesses países o serviço militar tinha se tornado obrigatório novamente. E Ágata via o desespero dos jovens que muitas das vezes mal sabiam pegar em armas. Mas pelo menos, tinham um sentimento patriótico em defender suas terras com todo o seu coração e isso era de um heroismo extremo e ao mesmo tempo muito admirável também.

    Alguns simplesmente viviam nessas regiões de guerra como se estivessem em paz consigo mesmas, saindo com os amigos ou marcando algum jantar romântico com o seu parceiro, enquanto as bombas caiam ao longe, devastando sonhos e planos de vida.

    Os países da europa se reuniam para tentar fazer novos acordos para um cessar fogo aparente, mas a guerra continuava a todo o vapor; só que os noticiários acabaram se cansando daqueles conflitos que não geravam mais likes e curtidas em suas redes sociais e assim, decicidiram não cobrir mais os eventos com os seus correspondentes de guerra.

    Ágata ficou bastante decepcionada e decidiu resistir à tudo aquilo recolhendo o máximo de material que conseguiria com as pessoas que moravam em zonas de guerra. E assim, tirou diversas fotos sobre o conflito. Corpos putrefados nas ruas, destruições históricas de prédios importantes que eram tombados e até de alguns soldados que expressavam suas insatisfações para ela, como se ela fosse alguma psicóloga que estava ali para curá-los de todo o mal que viam e ouviam à noite.

    Mas quando o conflito começou a ficar mais perigoso, Ágata decidiu retornar para Portugal, visando uma outra matéria sobre o conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Levou consigo fotos e relatos muito importantes sobre o conflito e publicou no jornal local do Porto, que automaticamente saiu em diversos outros veículos na imprensa internacional também.

    Outros países também entraram em contato com as suas matérias sobre o conflito e ficaram atônitos com o que poderiam fazer para salvar todas aquelas pessoas. Alguns países da Europa resolveram enviar alguns suprimentos e armas que imediatamente foram desviados pelo governo russo; outros, ofereceram asilo político à quem quisesse. O que gerou a maior imigração da história. Onde a maior parte dos ucranianos foram se dispersando ao longo da Europa.

    Pela primeira vez em séculos, vimos a direita política comungar com a esquerda, ajudando no processo de fronteiras até a Ucrânia não ter mais ninguém que ficasse por lá para contar a história aos seus filhos netos e bisnetos.

    A Rússia continuou a bombardear a Ucrânia até não deixar mais nada em pé de igualdade. E assim, o que antes era chamado de território ucraniano, foi indevidamente anexado à Rússia como sinal de poder e soberania. E o mesmo ocorreu com a Palestina. Tendo Israel tomado o território para si, deixando os palestinos sem casa e um lugar para sossegar o coração em paz.

    Ágata ainda se lembra, como se fosse ontem, aonde estava quando escutou pela primeira vez as sirenes que a levaram diretamente para a terceira guerra mundial. Ela estava descansando a mente dentro da Livraria Lello, no Porto, folheando alguns livros sobre fotografias de guerra, quando uma atendente veio até ela lhe mostrar os noticiários em seu celular.

    Imediatamente todos que estavam na livraria foram evacuados do local sem entender nada, pois todos alegavam que tinham pagado uma boa quantia para entrar ali, sem que pudessem sair sem nenhum livro sequer para registrar a lembrança em seus corações. Mas a gerente da livraria foi insistente e todos respeitaram a decisão com uma certa indignação nos olhares.

    Ágata entrou num restaurante qualquer depois do ocorrido e observou que todos estavam olhando para a televisão estupefatos, deixando em seus rastros o silêncio absoluto. Pois o presidente dos Estados Unidos acabava de informar à todos – no salão oval da Casa Branca – que a Terceira Guerra Mundial, enfim, tinha começado com um pesar enorme em seu coração, por mais que eles tenham tentado de tudo para sanar o conflito entre o Oriente Médio – Israel e Palestina – e entre a Rússia e a Ucrânia também.

    As sirenes foram tocadas novamente, para anunciar à população do mundo todo que novas guerras estavam por vir. E assim, Ágata se lembrou dos tempos de seus avós portugueses, que tinham fugido da Europa, para buscar asilo no País que nunca saia do futuro como promessa.

  • O jogo de xadrez da política

    fevereiro 24th, 2025

    Ágata tinha ficado extrememanete chocada com o aumento dos casos de xenofobia na Alemanha, no período em que ela esteve por lá. Ela até teve tempo de reunir relatos de alguns brasileiros que diziam nunca terem se sentido bem vindos em terras germânicas.

    Umas das ocorrências que mais impactaram-na foi à de uma jovem brasileira que estava se divertindo em uma festa e um alemão chegou até ela para lhe perguntar se ela iria de cipó para a escola quando era mais nova. Outro relatou que estava entregando encomendas em Frankfurt e um carro passou pela estrada em alta velocidade e jogou uma garrafa de água em suas costas, pois por lá quem fazia esse tipo de trabalho costumava ser exclusivamente os imigrantes, e com o aumento da extrema direita no país, isso acontecia com cada vez mais frequência.

    Ágata resolveu fazer uma matéria no jornal denunciando esses tipos de comportamento na Alemanha e logo os partidos políticos tiveram que se defender das acusações graves vindas dos brasileiros. Até a embaixada do Brasil na Alemanha se meteu nos casos e imediatamente os responsáveis por aquilo tiveram que pagar um alto preço para a justiça, que providenciou imediatemente as prisões necessárias antes que mais manifestações pudessem atrapalhar a circulação nas grandes capitais.

    A situação foi ficando cada vez mais insuportável em toda a Europa, mas Ágata se manteve firme como cidadã do mundo e resolveu voltar para Portugal à trabalho, pois já tinha recolhido material demais para suas colunas jornalísticas. Ia para as Universidades dar aulas e palestras sobre o que estava acontecendo na Europa e no mundo, ao mesmo tempo em que, continuava a escrever suas matérias ácidas no jornal local do Porto.

    Ela também tinha achado um absurdo os emails que Elon Musk estava enviando para os funcionários federais americanos para que explicassem em poucas linhas sobre o trabalho que realizavam nos orgãos correspondentes. Se não respondessem aos emails poderiam ser demitidos em justa causa, mas se respondessem também poderiam ser. E logo isso acabou gerando uma crise enorme nos Estados Unidos, pois além deles estarem fechando as suas fronterias para os imigrantes, também alegavam estar reduzindo gastos públicos infundáveis.

    Os Estados Unidos acabou entrando numa crise sem precedentes. Sua economia não era vista mais como a potencia líder à ser batida; e enquanto isso, tanto a China como a Rússia ganhavam cada vez mais espaço na geopolítica mundial.

    Trump ainda queria os minérios das chamadas “terras raras” da Ucrânia em troca da tão sonhada paz que o país tanto queria advindas da Rússia também. Mas logo, Volodymyr Zelensky disse que isso seria negado com unhas e dentes; mas por outro lado, disse que poderia renunciar ao cargo de presidente da Ucrânia, caso a Rússia, os Estados Unidos e a Europa, sentassem em uma mesa de reuniões para celar a paz.

    O fato que intrigava Ágata era esse interesse todo dos Estados Unidos de querer buscar minérios na Ucrânia agora. Mas depois de tanto estudar a questão, entendeu que os Estados Unidos dependiam demais dos minérios raros da china, e isso poderia ser visto como uma fraqueza para a sua economia mundial, que competia diretamente com a China, a Rússia e a Europa também. E assim, seria uma boa oportunidade dos Estados Unidos conseguirem esses matérias das “terras raras” da Ucrânia, caso quisessem ser líderes na fabricação de carros elétricos, smartphones e inteligência artificial por exemplo.

    Enquanto isso tudo era debatido nos restaurantes e cafés da cidade do Porto, Ágata se mantinha empenhada em seus serviços políticos no partido de esquerda. Fazendo seu ativismo político à partir de sua escrita, que tentava entregar para o povo o alerta de algum apocalipse imprevisto.

    Outra informação que Ágata escreveu em suas matérias no jornal foi a decaída das redes sociais em todo o mundo, desde que a extrema direita começou a angariar cada vez mais adeptos. Pois o partido alegava que todas essas redes eram prejudiciais para o ser humano de uma maneira geral. E assim, os novos eleitores começaram a escrever cartas novamente, comos se esse retrocesso fosse benéfico para a humanidade.

    Dessa vez Ágata não pode ir contra à essas políticas, o que a deixava cada vez mais intrigada, pois essa ideia pautada em estudos científicos não tinha sido ideia da sua tão adorada esquerda política. E foi assim, que ela foi deixando de ser uma esquerdista para se tornar uma mulher mais ao centro parlamentar do congresso europeu.

  • Vencendo a extrema direita

    fevereiro 23rd, 2025

    Ágata sabia que era muito difícil duelar contra a extrema direita. Ela até tinha lido recentemente que a Alemanha iria escolher um novo chanceler neste domingo, junto com outras 630 cadeiras do Bundestag. Sua preocupação principal era com o partido AFD, que tinha dobrado o número de seus eleitores bem rapidamente. A líder deste partido era Alice Weidel, que tinha chamado Adolf Hitler de socialista e comunista numa live publicada no X (antigo Twitter) junto com Elon Musk, ao qual repercutiu bastante.

    Não precisa nem dizer que Ágata tinha optado em cobrir as eleições na Alemanha, muito antes da definição de domingo. Viajou para lá junto com outros membros de seu partido de esquerda e até fez algumas manifestações nas ruas como uma ativista bem comprometida com a sua visão de mundo. Outros partidos alemães acabaram se juntando à ela também, mas acabou não adiantando muito. Pois pelas pesquisas, o partido de Alice Weidel estava em segundo lugar nas intenções de voto.

    Suas colunas e matérias eram sempre aceitas para a publicação em Portugal. Mesmo ela tendo pedindo demissão de seu cargo de CEO do jornal e dos dois canais de televisão. Logo, começou a ter uma disputa interna sobre qual seria o jornal que iria pulicar suas colunas de correspondente internacional daqui para a frente.

    Ágata ficou simplesmente horrorizada com as novas propostas políticas da Alemanha para o governo, pois na maioria dos partidos, estava a volta do marco alemão, como moeda nacional; a saída do bloco do acordo de Paris, firmado pela maioria dos países europeus, para reduzir a emissão de combustíveis fósseis em todo o mundo; e por fim, a saída do bloco da União Europeia, como fez a Inglaterra com o Brexit.

    Parecia que a Alemanha tinha esquecido o seu passado perturbador do nazismo, que sempre retornava com novas camadas políticas da extrema direita. O grande perigo para a Europa, em sua visão, era o risco dos outros partidos alemães fazerem qualquer tipo de acordo com o partido de Alice Weidel, transformando a Alemanha em uma nova ditadura política. Onde a democracia não teria mais espaço para se desenvolver, gerando diversas rachaduras muito difícies de serem reparadas com o tempo. Devido ao retrocesso de pensamento da sua sociedade como um todo.

    Ágata passou à não dormir mais. Ela até tentava tomar mais calmantes, mas seu senso de justiça imperava com muito mais força à fazendo acordar de madrugada para escrever em sinal de protesto contra todo o retrocesso alemão.

    Ela resolveu se reunir com a maioria dos líderes europeus, alegando que Donald Trump e seu comparça Elon Musk, estavam minando toda a democracia global, com suas políticas anti imigração. A aproximação dos Estados Unidos com a então Rússia, também era um problema à ser discutido. Pois todos os países europeus se comprometeram a ficar do lado da Ucrânia na guerra contra a Rússia. E assim, a maior parte dos países europeus perdiam credibilidade e proteção dos americanos, caso Donald Trump fizesse acordos extra conjugais com a Rússia, sem o consentimento europeu.

    Suas aparições nos jornais mundiais eram cada vez mais frequentes. Dava entrevistas na maioria das línguas em completa desenvoltura. Articulando seus pontos de vista junto com as bancadas políticas que lhe apoiavam tanto na Alemanha como em outros países europeus.

    Ágata começou a ter muitos seguidores em suas redes sociais que eram administradas por seu partido. Pois ela alegava não ter tempo para ficar nesses aplicativos vendo o tempo passar enquanto o mundo não mudava para melhor. Continuava produzindo muito e logo ultrapassou todos os influencer’s do mundo, incluve os jogadores de futebol que tinham milhões de seguidores.

    Passou a incomodar muito, sofrendo muitas ameaças de morte que ela ignorava alegando que isso fazia parte do jogo político. Mas por outro lado, seus seguranças aumentaram em número e proporção também.

    Suas colunas e matérias de capa rodavam o mundo todo como se fossem um novo disco dos Beatles. Mas os resultados logo logo começaram a aparecer. Pois nas eleições de domingo, na Alemanha, o partido de centro esquerda acabou ganhando dos outros com uma ampla margem de vantagem. E em sua filosofia política estava a defesa dos imigrantes e refugiados de guerra.

    Enquanto isso, nos Estados Unidos, Donald Trump e Elon Musk sofreram um impeachment do congresso onde outro candidato, vindo do partido democrático, assumiu a cadeira de presidência e começou a destruir o muro na fronteira com o México, defendendo que a partir daquele momento, o mundo não teria mais barreiras em suas fronteiras e que todos eram muito bem vindo nos Estados Unidos da América novamente, fazendo juz à estátua da liberdade.

    Na Rússia, prenderam Vladimir Putin e logo fizeram novas eleições presidenciais, que deram vitória a primeira presidenta mulher em séculos de história. E suas primeiras medidas políticas foram acabar com a guerra na Ucrânia e entre Israel e Palestina também.

    Na Europa, fizeram uma reunião de emergência onde todas as grandes potências ajudaram a reconstruir a Ucrânia e a Palestina. Deixando Israel nas mãos de um novo representante que não fosse Benjamin Netanyahu.

    O acordo de Paris foi levado à sério mais uma vez. Pois todos os países do globo se comprometeram a reduzir suas emissões novamente.

    A Inglaterra voltou para o bloco da União Europeia, e teve que pedir desculpas para cada governante europeu em um comício muito humilhante para os cavaleiros do rei.

    Sua monarquia logo em seguida caiu também, deixando a família imperial totalmente desnorteada, pois ninguém ali sabia trabalhar. Mas o único que comemorou foi o príncipe Harry na Califórnia, junto de sua esposa Meghan Markle e filhos.

    Depois de tanto viajar, Ágata sentiu uma saudade enorme de casa. E assim, decidiu voltar para o Porto, em Portugal, para o seu amado apartamento que tinha sido conservado pelos portugueses até o seu regresso.

    Ágata foi ovacionada em praça pública por ter derrotado a extrema direita mundial com os seus textos embriagantes e acabou recebendo o Prêmio Nobel da Paz também. Se tornando a única com dois congratulações nesse tipo de premiação.

    À chamaram para dar aulas na Universidade de Coimbra, Lisboa e do Porto também; sobre qualquer assunto que viesse à sua cabeça na hora. Ela acabou aceitando a oferta irrecusável. E logo preencheu toda a sua grade universitária com aulas e palestras sobre História, Política, Econômia, Cultura e Artes que dava na ponta da língua sem pensar muito. E em todas as universidades do mundo era chamada para receber prêmios e honrarias que guardava em seu escritório já bastante atulhado.

    E assim, a idade foi chegando e sua vida foi passando pelas veias de uma mulher independente e libertaria. Que tinha lutado bravamente por um mundo melhor e mais justo para as minorias. Que vinham nela uma inspiração a ser defendida em praça pública se fosse preciso.

  • Uma nova ativista sendo uma política

    fevereiro 22nd, 2025

    O jornal estava se saindo tão bem que um grupo de acionistas veio até o escritório de Ágata lhe fazer uma nova proposta. Será que ela aceitaria abrir um canal de televisão aberto com notícias, documentários e filmes 24 horas por dia?

    Ela imediatamente decidiu aceitar a oferta, porém, lançou outra logo em seguida. Só aceitaria aquela empreitada se fossem vários canais. Pois em sua visão de jornalista, não dava para conceber num único canal, diversas atrações ao mesmo tempo. Isso era inconcebível. O telespectador iria acabar se perdendo, dizia ela aos quatro cantos.

    O novos acionistas do jornal repensaram a ideia original, avaliaram e deram um feedback positivo. Ágata agora tinha se tornado à CEO do jornal e também dos outros dois canais de televisão, preenchendo suas grades na programação com notícias do mundo, filmes e documentários que já tinham ganhado o festival de Cannes dos anos anteriores.

    Sua carga de trabalho estava cada vez mais pesada. Pois agora ela além de administrar a redação do jornal mais importante do mundo, ela também tinha outros dois canais com sinais abertos para gerir.

    Ágata sabiamente contratou uma equipe que mexia com inteligência artificial para que pudessem integrar em seus dois canais abertos um software que traduzisse em tempo integral o que estava sendo falado em português para qualquer outra língua do mundo. E ainda o usuário poderia escolher duas vozes: uma feminina e outra masculina.

    Ela estava na vanguarda de seu tempo mesmo. Pois imediatamente os dois canais se tornaram os mais vistos em toda a Europa. Desbancando nas primeiras semanas, canais como os da BBC, na Inglaterra e entre outros mais. Ninguém conseguia utilizar a intelligência artificial como Ágata conseguia. E logo, o seu jornal também foi sendo traduzido para mais línguas, para que assim, todos pudessem ter acesso, aquelas colunas e matérias táo espetaculares. E detalhe: ninguém precisava assiná-los mensalmente ou anualmente. Pois a CEO acreditava que a informação tinha que ser gratuita para todos.

    Os políticos do mundo todo começaram à ameaçá-la. Alegavam que tanto o jornal como os canais de televisão que Ágata geria minavam o jeito de pensar dos cidadãos do mundo, prejudicando assim, a democracia e a liberdade de expressão de cada um.

    Ágata não se importava. Dizia que esses argumentos vinham todos da extrema direita internacional, que queria minar a democracia e a liberdade de expressão de qualquer jeito.

    Mas não teve jeito. Ágata teve que participar como réu de todas aquelas acusações. Seus próprios canais acompanharam o desenrolar da justiça que no fim, acabou absolvendo-a de todas as acusações infundadas da extrema direita.

    Em sua soltura, ela foi tratada como heroína de seu tempo. Virou uma revolucionária e ativista política. Participava de todas as conferências mundias com os principais líderes do mundo.

    Alguns partidos até lhe propuseram a entrada em suas siglas. Alegavam que ela seria uma ótima representante tanto do Brasil como de Portugal. Mas no final, seu coração escolheu as terras lusas para representar como política. Abandonou os cargos de CEO do jornal e dos canais de televisão. Muitos choravam por ela ter feito essa escolha pois tinham se acostumado com o seu jeito inovador de ver e analisar o mundo. Mas no fim, prevalecia sempre a sua vontade própria.

    Ágata saiu da redação de cabeça erguida, sendo ovacionada pelos corredores da redação do jornal, como se fosse uma estrela do rock em anscensão. Deixou o seu cargo para uma palestina, que veio fugida da guerra. E todos aplaudiram aquela promoção como se fosse o final de uma copa do mundo.

    Levou consigo excelentes lembranças e memórias de Portugal. Resolveu colocar o seu apartamento à venda. Mas infelizmente, ninguém teve a coragem de comprar, pois o imóvel tinha valorizado muito. E o governo português logo o transformou em patrimônio da humanidade, colocando aquela famosa placa azul, onde dizia que pessoas ilustres tinham vivido e respirado o mesmo ar que você.

  • Os papéis de uma celebridade

    fevereiro 21st, 2025

    – Estás satisfeita?… – pergunta Priscila, sua chefe, de maneira totalmente irritada, enquanto Ágata lhe ajuda a retirar suas coisas do escritório – Nunca pensei que você fosse capaz de puxar o meu tapete. Logo eu que te tratei como se fosse uma filha.

    – Mas eu não puxei o seu tapete! – rebate Ágata, percebendo que era melhor ela ficar calada, pois tudo que disesse seria pior de se compreeender com raiva no coração – Foram os acionistas do jornal que me ofereceram a vaga. E eu como sou muito ingênua, nunca poderia imaginar que seria para ocupar o seu cargo. Pois senão, eu mesma teria negado na mesma hora. Não achas?

    – Não sei mais o que dizer… E levo-me a crer que agora irei desconfiar até da minha própria sombra também. E acho que daqui para a frente você deveria fazer o mesmo que eu.

    Priscila se despediu de seus funcionários com lágrimas em seus olhos. Foi um momento muito difícil de se assistir. Ágata ficou como vilã da história toda, mas ela não se importou. Descarregou tudo em seu trabalho e lá no fundo, ela sabia que seus colegas de trabalho também iriam fazer isso.

    Não precisa nem dizer que Ágata começou a sofrer retaliação quase que imediatamente, com crimes de xenofobia e racismo, pois alguns colegas de trabalho não aceitavam as ordens de uma brasileira naturalizada portuguesa. Mas mais uma vez, ela não se importou e resolveu seguir em frente. Seus colegas continuavam atrasando suas matérias de propósito para colocar nos jornais. E o que ela fez? Bem… Ágata resolveu escrever ela mesma as matérias sobre cada assunto e colocar nos jornais com os pseudônimos devidos. Não precisa nem dizer que isso causou um alvoroço tremendo na redação do jornal, levando-o como consequência ao maior número de demissões que um só jornal já viu em toda a sua criaçao e desenvolvimento pessoal.

    Quando a nova chefe da redação se deu conta, estava quase sem nenhum jornalista comprometido com o seu ofício. E o que ela fez?… Bem… resolveu começar a contratar estagiários que ainda estavam cursando a universidade, pois além de ser bem mais em conta do que contratar um jornalista já formado; também era muito mais eficaz porque os estagiários estavam ali para mostrar todo o seu desenvolvimento com a sua futura profissão. E no final, só ficavam os melhores mesmo.

    Quando Ágata percebeu, a grande maioria dos funcionários que ela resolveu contratar para o jornal, era de uma nacionalidade diferente. O que deixava o jornal com um aspecto bem diversificado e com vários pontos de vistas diferentes, de acordo com a cultura e a experiência individual que cada um trazia consigo.

    A reformulação do jornal foi sentida por todos os mais assíduos leitores. Pois a visão do jornal ia contra a extrema direita que queria punir os imigrantes de seus respectivos países, sem entender que eram eles que nutriam a economia de cada estado econômico. Ágata simplesmente não deixava que essas visões de mundo tivessem espaço em sua redacão, pois ela alegava que aquele novo jornal era feito por imigrantes. E por isso mesmo, não podiam ter distinção de classe, etnia ou religião. Pois ela acreditava no conceito de cidadão e cidadã do mundo.

    Uma coluna era de origem belga, outra francesa, italiana, espanhola, portuguesa, brasileira, inglesa, alemã, irlandesa e por aí ia. Os novos funcionários começaram até à pensar que Ágata contratava seus novos funcionários mais pela nacionalidade que detinham, do que pela competência propriamente dita. Mas ela tinha faro para caçar novos talentos jornalísticos. Bastava algumas entrevistas apenas e ela imediatamente já os colocava para fazer a próxima matéria de capa. Como se aquilo fosse um enorme desafio. E todos acabavam entregando excelentes trabalhos profissionais. E como consequência, o jornal deslanchou ainda mais. Atraindo mais acionistas, assinantes e leitores que começaram a abandonar seus livros de cabeceira para atender a demanda das matérias que muita das vezes saiam até de madrugada, em modo home office.

    Os acionistas depois de um certo tempo, decidiram aumentar o jornal. E ele logo passou a ser enorme para os padrões de leitura europeus. Mas mesmo assim, você sempre via um ou outro na rua com ele embaixo dos braços como se quisesse dizer que era muito bem informado e metido a intelectual de esquerda.

    O jornal era visto nos cafés da cidade e em restaurantes. E imediatamente toda a população de Portugal passou a aderi-lo em suas conversas mais abstratas e filosóficas. Ágata precisou contratar seguranças de elite, pois ela não podia mais sair nas ruas, que era vista como a mais nova CEO de uma empresa de informação em anscensão. Muitos a comparavam com os novos empresários do Vale do Silício. Porém, ela teimava em dizer que o que ela fazia era somente reger a sua própria orquestra rumo à um mundo mais informado e digno de ter cidadãos mais conscientes sobre questões políticas.

    Ágata passou a usar as mesmas roupas, alegando que não gostava de pensar todo o dia o que iria usar. E assim, foi taxada como gênio de sua propria geração. Pois ela tinha reformulado um jornal inteiro em busca de uma melhor consciência global. Melhorando seus lucros e abaixando seus riscos de falência, que sempre eram estampados em outros jornais rivais. Saiu na revista Time como a pessoa mais influente do mundo. Se tornou uma das pessoas mais ricas do mundo. Ficando atrás somente dos generais da tecnologia.

    Agora muitas garotas se espelhavam nela. E o jornalismo se tornou o curso mais procurado do mundo. Tirando o posto da tecnologia da informacão e de todos os outros setores que também eram totalmente dependentes da futura inteligência artificial.

    Muitos diziam que ela tinha devolvido a capacidade de pensar para as pessoas novamente. Pois muitos deixavam agora os seus celulares em casa e saiam apenas com o seu jornal predileto embaixo do braço tendo como destino final o trabalho, a academia ou algum sarau com os amigos que com toda a certeza, iriam discutir os temas que estavam mais em voga no momento.

    Ágata foi citada entre a cúpula sueca, para ganhar o próximo Prêmio Nobel de Literatura. Por seu trabalho em manter o bem estar social de toda a nação em conformidade com a diversidade social; e por lutar de maneira incansável contra as ideologias da extrema direita que regrediam toda a nação que dava voz à elas em suas pautas políticas, econômicas, sociais e culturais também.

    Todos os jornais e revistas especializadas queriam saber agora aonde ela tinha nascido, crescido e se desenvolvido como cidadã do mundo. Fazendo diversas perguntas à ela em diversas línguas que ela tinha que se virar para responder e provar que era políglota com distinção também. Aonde ela teve a ideia para uma nação mais inclusiva? O que ela achava da educacão mundial? Por que Paulo Freire tinha sido completamente esquecido no Brasil e não no mundo? Eram essas as perguntas que ela tinha que responder na ponta da língua sem gaguejar.

    Sua presença gerava desmaios e euforias que era muito difícies de serem contidos. Sem à sua autorização, algumas editoras acabaram reunindo todas as suas crônicas e contos em um enorme livro que acabou virando uma espécie de bíblia para o novo mundo artificial que estava se transformando de modo cada vez mais rápido.

    E é claro que ela não gostou nada disso, mas no final resolveu não processar as editoras, porque ela acreditava que a escrita era para ser divulgada, discutida e apreciada de maneira totalmente gratuita também. E assim, seu livro não autorizado se tornou rapidamente um best seller. Desbancando livros de Paulo Coelho e J.K Rowling das listas de jornais como o The New York Times, por exemplo. E figurando por décadas na lista dos mais vendidos de todo o mundo.

    Sua casa no Brasil tinha virado uma espécie de museu. Sem contar em sua escola, que a grande maioria sonhava em entrar como se fosse uma nova Universidade com ascendências medievais, como era o Caso de Oxford e Cambridge, na Inglaterra.

    A Universidade do Porto, onde ela estudou jornalismo, virou a maior da Europa, com investimentos vindos até da Arábia Saudita. E imediatamente Portugal se tornou o lar para turistas e estrangeiros que se acotovelavam para estudar e viver por ali, nem que fosse para visitar a livraria lello, onde Ágata também tinha trabalhado com afinco e amor, em seu período universitário.

    Fizeram estátuas dela no Brasil e em Portugal. E volte e meia os dois países brigavam para saber em qual país seus restos mortais ficariam caso ela sofresse algum atentado, juramento de morte ou fosse simplesmente assassinada em praça pública, por causa de seus pensamentos nada ortodóxos.

  • Os novos destinos da minha escrita criativa

    fevereiro 20th, 2025

    A Inteligência artificial era outro tema bem discutido na redação do jornal. Ágata tinha lido nos jornais que os chineses estavam utilizando essa tecnologia para substituir as consultas psicólogicas que estavam cada vez mais caras. O que na visão dela era super válido de se fazer.

    E claro que isso trazia muitas discussões divergentes para o centro da mesa. E sua opinião começou a ser muito discutida tanto dentro como fora da redação também. Porque muitos se perguntavam se era realmente válido substituir uma pessoa em seu ofício por uma máquina que tinha sido recem treinada para isso.

    Ágata discordava totalmente desse ponto de vista. Alegando que a inteligência artificial tinha vindo para trazer uma revolução no mercado tecnológico. E a substituição da mão de obra humana pela tecnológica era sim, muito bem vinda. Pois em sua visão, em alguns casos terapêuticos era muito difícil diagnosticar uma pessoa e tratá-la com a responsabilidade devida.

    Outros acreditavam que os piscólogos poderiam pedir ajuda para a inteligência artificial caso não conseguissem guiar seus pacientes pelas estradas da vida; que muitas das vezes poderia ser bem doloroso e angustiante.

    Mas Ágata se mantinha firme em suas convições e logo foi afastada da redação por pensar fora da caixa. O engraçado foi que ela pensou que o jornal tinha lhe contratado por ela pensar exatamente desse jeito pouco convencional. Mas isso não durou muito. Ela logo retornou pois a Europa fez um abaixo assinado pedindo ela de volta ao seu ofício da escrita reflexiva. E assim, ela voltou com a língua muito mais afiada.

    Denunciava as políticas de Donald Trump em relação à ele querer celar a paz duradoura entre a Rússia e a Ucrânia sem que este último, estivesse na sala de negociações. Além de ela também ter tido uma matéria na capa principal do jornal, denunciando a saudação nazista de Elon Musk no momento em que entrou para a cúpula de Trump em Washington, que acabou à deixando mais conhecida ainda em todo o mundo.

    Recebia convites das principais editoras do mundo para escrever um livro reunindo todas as suas crônicas e contos da contemporaneidade, que ela negava sempre, alegando que sua escrita era para ser debatida bem rapidamente entre amigos, colegas e inimigos mais ferrenhos. Pois poucos tinham dinheiro para comprar livros muito extensos que falavam sobre o mesmo assunto até o final dele.

    Pois Ágata sempre gostou mais de jornais. Aquelas notícias sobre o mundo sempre lhe fascinavam muito mais. Nunca foi muito ligada em livros. Sempre os achava chatos e desinteressantes. Mas o jornal era muito diferente. Cada sessão falava sobre um assunto em específico; o que lhe remetia ao seu avô, que lia todos os dias, um jornal por inteiro, fazendo-o uma pessoa muito interessante, cheia de sonhos e pensamentos para o futuro da sociedade.

    Os assuntos que Ágata mais gostava quando era pequena era sobre política e tecnologia. Mas seu avô lhe contava apenas as histórias de infância de Bill Gates, Mark Zuckerberg e Steve Jobs. E o duro que eles passaram para chegar no lugar que chegaram.

    Isso tudo lhe fascinava. E era até um pouco decepcionante para ela ter Elon Musk, o homem mais rico do mundo se envolvendo em políticas de extrema direita. Logo ele, que era dono da Tesla, Space X e X (antigo twitter).

    Ágata leu o seu primeiro livro só quando entrou para o curso de jornalismo na Universidade do Porto. Lia por obrigação pois sabia que poderia utilizar aquelas conhecimentos em seu futuro ofício como jornalista, mas logo voltou a ter o hábito antigo de ler um jornal por inteiro para se informar sobre o mundo. As vezes ficava até de madrugada lendo os tutoriais e colunas que mais gostava. Além de tentar copiar o estilo de alguns jornalistas que tinha admiração de longa data, para ver se sua escrita ficava um pouco mais parecida com aquele do que com este que vos fala.

    Suas colunas ficavam cada vez mais ácidas. E muitas das vezes, até parecia que fazia de propósito só para ver o que sua chefe iria fazer depois que aquilo saísse nos jornais de domingo.

    Todos na redação começaram a ficar com uma certa inveja dela. Pois tudo o que ela escrevia ia imediatamente para os jornais sem muita das vezes passar pelo crivo editorial. Até fizeram uma pesquisa para avaliar a qualidade do jornal e muitos disseram que só compravam o jornal por causa das crônicas de Ágata, pois o resto parecia não estar no mesmo nível que a escrita dela.

    Não precisa nem dizer que isso gerou um fuzuê danado na redação. Pois alguns sentiam muita raiva dela. Porém, Ágata sempre se mostrou muito prestativa com os colegas de trabalho, ajudando-os em seus textos e sempre que podia lhe trazia cafés e vinhos importados de presente.

    Isso pareceu amenizar um pouco as coisas mas ela sabia que seus dias estavam contados ali no jornal. Pelo menos era o que pensava. Pois já tinha feito de tudo: colunas, crônicas, contos, matérias de capas, cadernos de cultura e folhetins para políticos de forma anônima e agora já revelada.

    Para qualquer jornal que ela escrevia na semana, era sempre o mais vendido e isso à deixou exarcebada de trabalho. O que antes era digno de prazer se tornou algo extremamente extressante. Era hora de pedir um aumento mais que merecido para a sua chefe. Pensava ela. Porém, o que ela não tinha como imaginar era que o lugar de sua chefe estava sendo cogitado para ela assumir muito em breve.

  • Sendo uma cidadã do mundo

    fevereiro 19th, 2025

    O ambiente na redação do jornal era muito acolhedor e familiar. Pois todos os jornalistas na hora do café paravam para falar sobre as suas colunas. Diziam que a economia e a política do Brasil não ia bem; se preocupavam com as novas eleições para primeiro ministro na Alemanha; se intrigavam com as demissões em massa que também estava acontecendo na Wolkswagen, Mercedens-Benz e BMW, por causa da mudança dos combustíveis fósseis para a energia elétrica de suas baterias super potentes também.

    Entre uma conversa e outra, sempre tinha espaço para quem era affair de quem na redação. Ágata tinha todos os homens dali aos seus pés. Mas ela parecia não querer ter tempo para aquilo. Pois sua preocupação era tão grande em viver que ela se esquecia de outras necessidade básicas como o sexo, por exemplo.

    Um vinha à sua mesa lhe entregar buques de rosas, outro ia lhe entregar sua coluna em primeira mão, enquanto o mais safado lhe enviada mensagens em seu Macintosh marcando um horário num restaurante super chique de Portugal, ao qual ela nunca comparecia.

    Muitos se intrigavam com aquilo, porque a grande maioria que estava naquela redação tinha algum caso ou paquera dentro ou fora do jornal, que servia como uma grande fonte de distração diante daquele mundo cada vez mais anti democrático.

    Ágata chegava na redação sempre de forma muito pontual. Deixava sua bolsa em sua mesa e ia logo pegar o café que servia para ela espantar toda a preguiça que sentia ao pensar em temas abstratos para as suas futuras colunas.

    Discutia política, economia, cultura e arte com o máximo de afinco como se aquilo fosse sua vida em tempo integral. Muitos diziam pelas suas costas, que ela devia procurar um relacionamento para esquecer um pouco o que estava acontecendo no mundo, mas de nada adiantava. Seu mundo era aquele e ela era o mundo.

    Acredito que a maioria das mulheres tinham uma certa inveja dela, principalmente, porque elas lhe viam como a essência máxima da liberdade e empoderamento; sem filhos e muito menos amantes. Ágata vivia sem ter que explicar para onde ia ou com quem iria, à que horas poderia voltar para cuidar de seus filhos e essas coisas que uma família se preocupa quando alguém sonha em ter um ambiente familiar estável e neutro. Livre de ser surpreendido pelo acaso de viver em completa liberdade de ir e vir que poucos sentiam, mas que muitos sonhavam depois de ter filhos.

    Na redação era a única que falava em ser nomade. E dava para perceber a excitação que sentia ao pensar em não ter casa e um lugar fixo para voltar depois do trabalho. Apesar de sempre voltar para o mesmo apartamento que comprou desde que chegou em Portugal para morar.

    Acredito que a liberdade que ela mais queria era a do pensamento apenas. Ainda mais sendo uma imigrante em terras lusas. Ela gostava do fluxo de trocas entre um estrangeiro e um residente. Pensava que isso por sí só já valia todo o esforço de ter conseguido mudar de país, pois a cultura que os outros lhe transmitiam não tinha preço.

    Cada língua tinha seus dialetos de desejos e aspirações que muita das vezes uma única sociedade não compreenderia com uma certa facilidade. Por isso, a importância de viajar e experiênciar outras culturas servia-lhe para expandir a sua mente tentando nunca criar certos preconceitos entres povos e nações.

    É claro que ela se preocupou quando os Estados Unidos resolveu fechar as suas fronteiras em definitivo para receber os imigrantes. Pois ela sabia que aquele país poderia ganhar muito mais com as fronteiras abertas do que com as porteiras fechadas. Seu maior medo era que a Europa e o mundo fizessem o mesmo movimento norte americano, impedindo assim, que a economia ficasse mais miscigenada e plural.

    Ágata sentiu um certo preconceito quando veio morar em Portugal. Ela rapidamente teve que se adaptar com a pronúncia das palavras na Universidade para não ser hostilizada pelos professores mais conservadores, é claro; no ato da compra do seu imóvel, por exemplo, foi um outro caso. Onde a família só aceitou fazer a transferência de propriedade mediante ao pagamento à vista, por ela ser brasileira; sem contar na livraria lello também, onde seus colegas de trabalho não aceitavam de maneira nenhuma as ordens de uma simples brasileira; e na redação do jornal também não foi nada diferente no inicio pelo menos. Pois ela era a única estrangeira.

    Por ter passado por todos esses percalços, Portugal ainda era em sua opinião, um lugar muito acolhedor com os seus imigrantes. Era só você ser educada e saber respeitar as filas que enlançam a sua vida cotidiana. Seja para comprar roupas ou ir até um restaurante requisitado.

    Em sua visão, era exatamente isso que fazia o mundo valer a pena. Você saber respeitar outras culturas e sociedades e ter que se adaptar à elas levando consigo, suas próprias experiências e visões de mundo que poderiam sempre ser mudadas e transformadas em uma nova cidadã do mundo. Independente de onde você veio ou vai daqui para a frente.

  • Um pequeno espaço no jornal à fez ser uma celebridade

    fevereiro 18th, 2025

    Era mais um dia comum de inverno na Europa. Ágata estava muito feliz e aliviada ao mesmo tempo, pois finalmente não precisava mais se especializar em mais nada, pelo menos era o que pensava. Tinha passado por todas as etapas acadêmicas com maestria. E ao final de sua formatura, foi lhe dada o título de doutora Honoris Causa por seu exímio trabalho acadêmico.

    Ela preferia cumprir as cargas horárias de seu trabalho de 20 horas já no inicio de toda semana, para que assim, pudesse ficar livre de ter que ir na redação ao fim da semana. Pois as suas 10 horas finais ela gostava de cumpri-las em restaurantes ou embaixo da ponte do rio olhando os barquinhos que atracavam no Porto, fazendo anúncios de vinhos e outros utensílios.

    Ágata além do inglês, também estava aprendendo espanhol, frânces e alemão. E por incrível que pareça estava dando conta de todos os exercícios de fixação de vocabulários, além de estar sempre marcando um tempinho em sua agenda para praticar conversação com outros poliglotas que tinham pelo mundo através do aplicativo cambly.

    Aquele era definitivamente o seu lugar. Porto era uma cidade muito especial para ela. Porém, desde que Donald Trump e Elon Musk entraram na política parecia que a Europa estava se modificando aos poucos. Porque os assuntos mais comentados na internet era a imigração desenfreada além é claro, da guerra da Rússia com a Ucrânia que já durava três anos ininterruptos.

    Sua última crônica tinha saido no jornal no domingo e teve uma excelente repercussão na redação e fora dela também, pois ela falou que todos os países da Europa precisavam aceitar os imigrantes se quisessem que a sua economia se estabilizasse, para que assim, pudesse gerar cada vez mais empregos prósperos para a sua sociedade. E que o fluxo de pessoas indo e vindo sempre fizeram parte da civilização como um todo. E que um indivíduo não puderia viver sendo restrito em alfandegas mundo afora, sendo tratado muitas vezes, como um prisioneiro de guerra.

    Sua capacidade de prender a atenção do leitor e levá-lo a refletir sobre temas pouco expostos na mídia à fez ficar reconhecida em toda a Europa, que rapidamente providenciou de traduzir suas crônicas e contos para diversas línguas. E assim, seria um pouco chato se ela não se torna-se uma poliglota nata, pois Ágata já tinha começado a pensar na possibilidade de escrever livros sobre diversos temas em específico e quem sabe, poder fazer um tour pela própria Europa para divulgá-los em bienais mundo afora também. E nada melhor do que se sentir confiante diante de um novo idioma ainda pouco explorado em sua educação auto didata.

    Em todos os ambientes que ela aparecia muitos vinham cumprimentá-la por suas habilidades excepcionais de escrita e retórica, que a grande maioria via em noticiários locais com a sua presença sempre marcante e envolvente.

    Alguns partidos de Portugal até tentavam fazer com que ela se associasse como membro efetivo de suas siglas e marketing’s pouco envolventes, mas ela se sentia mais capacitada em ficar somente no jornalismo mesmo, sendo reconhecida como uma grande escritora que prendia a atenção de seus seguidores em apenas poucos caracteres em suas colunas semanais no jornal.

    Faça um livro senhorita Ágata!

    Era o que sua chefe Priscila começava a lhe insistir toda à vez que ela lia alguma crônica de sua funcionária predileta. Mas Ágata se mantinha fiel a seus leitores mais curtos no jornal, pesquisando com muito afinco o que estava acontecendo no mundo, para que a leitura fosse breve e ao mesmo tempo muito informativa e filosófica também.

    Pois Ágata gostava que os seus leitores refletissem por conta própria, sobre diversos assuntos, os levando-os a se sentirem parte de uma sociedade pensante e não apenas membros assíduos de redes sociais que pouco lhes informavam e só entretiam em momentos solitários e tristes.

    Escrever era libertar-se e libertar-se era escrever, pensava Ágata. Porém, ela amava ser lida e discutida em pubs e restaurantes ao redor do mundo como se fosse uma política que fazia movimentações sindicais em torno da Europa, com aspirações mais elevadas sobre o que cada ser humano era capaz de fazer em sua vida, para que conseguisse mudar sua realidade através de sonhos literários.

  • A escrita na redacão de um jornal

    fevereiro 17th, 2025

    Ágata estava toda feliz por ter conseguido dar conta, ao longo desses anos todos, das demandas acadêmicas de sua Universidade. E agora ela estava indo para a redação em seu primeiro dia de trabalho, como jornalista. Mas ela ainda sentia muita falta de seu antigo trabalho na livraria lello. Atender as pessoas e dizê-las aonde estava um determinado livro era um prazer inestimável para ela. Mas por outro lado, ela sabia que para alçar voos mais altos era preciso abandonar seu presente e seguir rumo à um futuro ainda inexplorado e muitas das vezes, em um primeiro momento, até um pouquinho hostil.

    – Bom dia!

    – Você deve ser a senhorita Ágata, estou certa disto?

    – Sou eu mesma!

    – Bem vindo ao jornal!… Vou lhe mostrar a sua mesa. Venha comigo, por favor.

    Ao caminhar até a sua mesa, Ágata contemplou toda aquela redação do jornal e é claro que se deslumbrou com tudo aquilo. Cada jornalista tinha um Macintosh de última geração em sua mesa, para fazer matérias exclusivas sobre o que estava acontecendo em todo o mundo com o máximo de profissionalismo, é claro.

    – Aqui está a sua mesa!… Espero que goste de sua acomodação para fazer as suas matérias com o máximo de atenção e ética. Uma dica: se preocupe em esmiuçar ao máximo suas fontes pois a chefe da edição adora isso. Tudo bem?

    – Desculpe… mas como você se chama mesmo?… – pergunta Ágata, ainda tentando se concentrar em sua mesa apenas.

    – Me chamo Joaquina!… Fique bem aqui pois daqui a pouco a nossa chefe irá te chamar para lhe dizer sobre que parte do mundo você ficará encarregada de cobrir. Tudo bem?

    – Ótimo!

    Ágata resolve ir tirando as suas coisas da bolsa para ir enfeitando um pouco aquele escritório branco que mais parecia saído de uma fábrica de produção. Mas no momento seguinte, ela olha para o seu Macintosh ligado e uma chamada entra na tela vindo da alta cúpula do jornal. Devia ser a sua nova chefe.

    – Alô!… Quem fala?

    – Me chamo Priscila e sou a chefe deste jornal… – informa a imagem com áudio do outro lado da redação – Seja muito bem vinda ao nosso jornal!

    – O prazer é todo meu!

    – Para nós é uma honra muito grande termos escolhida você para escrever em nome da opinião editorial deste jornal que vos fala. E assim, gostaria de ir direto ao ponto por aqui.

    – Faça o favor!

    – Bem… Lhe demos essa oportunidade de emprego pois lemos algumas matérias que você escreveu ao longo de sua formação acadêmica sobre o mundo e nos interessamos muito em ter você em nossa estimada equipa. Feito isso, chegou a hora de te informamos sobre o que você irá escrever no jornal de domingo por enquanto.

    – Mas quer dizer que só vou ter uma coluna semanal aos domingos? – pergunta Ágata se sentindo um pouco prejudicada com isso tudo.

    – Exato! Mas você precisa entender que só os melhores de Portugal escrevem aos Domingos e deixamos uma coluna livre em nosso jornal para você escrever sobre o que quiser. O que acha desta proposta?… Pois vamos entender perfeitamente se não quiser fazer parte de nossa equipa.

    – Mas é claro que eu aceito a proposta! – Ágata se endireita na cadeira, como se estivesse reformulando os seus pensamentos em relação ao novo emprego.

    – A carga horária é de 20 horas semanais obrigatórios na redação e mais 10 horas livres ao estilo do home office. E o salário é de 15 mil euros mensais. O que achas disto?…

    Ágata ficou sem palavras. Quer dizer então que tudo que ela tinha feito tinha valido muito à pena. Afinal, no final de seu pós doutorado ela já estava muito cansada e esgotada mentalmente. E agora ela poderia descansar escrevendo sobre o que ela quisesse e somente aos domingos. Parecia um sonho, mas felizmente não era.

    – Mas é claro que eu aceito, senhorita Priscila. E já quero começar a pesquisar sobre o que vou escrever no próximo domingo. Mas acho que vou ficar encarregada de escrever sobre as políticas internacionais mesmo. O que achas?… Pois sempre foi um assunto que me fascinou muito. Informar meus novos leitores sobre o que está acontecendo no mundo em forma de crônica ou conto é um verdadeiro sonho. Além de tentar captar a atenção deles em poucas palavras num mundo repleto de informações em seus telemóveis.

    – Então mãos à obra senhorita Ágata! Mal posso esperar para ler as suas crônicas de domingo antes de todo mundo. Só não esqueça de me enviá-las para poder aprová-las antes. Tudo bem?

    – Perfeito! – Ágata imediatamente encerra a ligação e já começa a ler as matérias de jornais europeus em seu Macintosh, ao mesmo tempo em que fazia anotações em seu caderninho de bolso rosa imaginando futuros textos de qualidade que o leitor iria querer em quantidades cada vez maiores até que ela conseguisse uma matéria de capa naquele jornal do Porto.

  • Sendo uma jornalista muito eficiente

    fevereiro 16th, 2025

    – Quero me candidatar a vaga de livreiro, por favor… – informa Ágata ao adentrar pela Livraria Lello já com o seu currículo em mãos.

    – Você tem disponibilidade de horário?… – pergunta a gerente da livraria.

    – Tenho sim!… Estou livre na parte da manhã e da tarde também. Pois à noite eu estudo jornalismo na Universidade do Porto – informa Ágata, ao perceber que as suas mãos estavam completamente suadas por causa de sua ansiedade.

    – Perfeito!… A vaga é sua… – informa a gerente, indo pegar o avental de sua nova funcionária.

    Ágata mal conseguia acreditar naquilo que estava acontecendo bem em sua frente. Ela tinha conseguido um novo emprego e um curso para cursar na Universidade. Tudo em apenas dois dias que estava ali na cidade do Porto, em Portugal.

    – O trabalho por aqui é bem fácil e dinâmico… – informa a gerente – pela manhã organizamos nas estantes os novos livros que entram no sistema e atendemos os clientes no hall de entrada também. Pois enquanto um grupo faz o primeiro serviço, o segundo grupo, fica encarregado de atender os clientes que entram na livraria em fila. Entendeu?

    – Sim!

    – Você vai começar pela organização dos novos livros que entram pelo sistema até decorar onde cada sessão fica; tudo bem?…

    – Está ótimo! – Ágata reage de forma totalmente confiante, ao amarrar os fitilhos do avental vinho e verde atrás das costas.

    Conforme Ágata ia organizando os livros no sistema e nas estantes, ela não pôde deixar de reparar nos clientes que entravam na Livraria Lello pedindo uma difusão enorme de assuntos, que estavam em sua cabeça. Arte, Sociedade, Cultura, Econômia, Inteligência Artificial, Esportes, Biografias e por aí ia. Mas logo Ágata entrou em choque, pois os funcionários sabiam falar diversas línguas de maneira fluente enquanto ela só sabia falar português e um pouco de inglês apenas.

    Talvez aquela livraria era a única no mundo que cobrava pela entrada, por ser a livraria mais bonita do mundo, eleita pela Europa, é claro. Então já daria para imaginar como seria o novo mundo profissional de Ágata no meio de todos aqueles gringos, que já sabiam o que queriam mesmo antes de se deparar com aquelas escadas que serviram de inspiração para o mundo mágico de Harry Potter.

    Ágata saia todos os dias às cinco da tarde e pegava na Universidade do Porto às sete horas da noite em ponto. Passou-se dias, semanas e meses e de repente ela já estava conseguindo falar com a maiora dos gringos em inglês sem gaguejar uma só palavra, o que deixava os outros funcionários muito enciumados, porque ela dizia que nunca conseguiu terminar um curso de inglês sequer, mas de tanto estudar por conta própria a língua ela acabou pegando o jeito da coisa e deslanchou no novo emprego chegando ao cargo de supervisora de seus colegas de trabalho.

    No curso de jornalismo não foi diferente. Ela se empenhou com unhas e dentes e já começava a sonhar em ser uma correspondente internacional já que o inglês para ela já não era um problema assim tão grande. Ela conseguiu fazer amizades sólidas que sonhavam junto com ela sobre o que iam ser dali para frente. E assim, os períodos foram passando até que ela chegou em seu dia de formatura; mas já pensando em que ia fazer de Mestrado e Doutorado.

    Por fim, ela optou em fazer jornalismo internacional em seu Mestrado e Doutorado até que ela chegou no cargo de gerente da Livraria Lello no mesmo ano em que estava terminando o seu Pós Doutorado pela Universidade do Porto, mas já com um outro emprego em mente na redação do jornal local.

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