• Sobre o Autor

Guilherme Müller

  • A insurgência da democracia

    abril 13th, 2025

    Ágata tinha desembarcado na Rússia primeiro à espera de seus mercenários. Pois o desfile do Dia da Vitória na Praça Vermelha se aproximava, e assim, era uma ótima chance de acabar com a vida do presidente russo.

    O dia era 9 de maio de 2025, onde era celebrado o 80° aniversário da vitória da União Soviética em cima da Alemanha Nazista de Hitler. O presidente da Rússia jamais perdia a oportunidade de enfatizar em algumas entrevistas mundo afora, que tinham sido eles os grandes responsáveis pelo fim da 2° Guerra Mundial e em alguns aspectos, não estava totalmente errado. Já que os Estados Unidos demoraram alguns anos até que aceitassem a missão de supostamente salvar a humanidade das mãos da Gestapo de Hitler.

    Todos tiveram à sua culpa em tentar reorganizar o mapa mundial depois da 2° Guerra Mundial. Mas é claro que Churchill, Stalin e Roosevelt adoraram brincar de reis do mundo numa sala repleta de mapas em Yalta, na Crimeia.

    O atual presidente da Rússia estava com um certo medo de aparecer em público depois da morte de seu amigo nos Estados Unidos. Pois ainda não tinham encontrado os responsáveis por aquele ataque terrorista na América. Mas sua inteligência do Kremlin estava mais bem preparada para aquele tipo de desfile presidencial, e logo, tratou-o de colocá-lo em um carro blindado e totalmente fechado onde só era permitido colocar as suas mãos para fora em sinal de respeito pelo dia que tinha redefinido as novas potências mundiais.

    Ágata acompanhou tudo pelos noticiários naquela manhã. Traçou novos planos com os seus mercenários e resolveu bolar um plano onde o presidente da Rússia seria sequestrado e depois morto em cativeiro.

    No dia do plano todos estavam um pouco tensos, mas nada que aquela equipe não estivesse preparada para fazer com total maestria. E assim, bem no ato de sequestrá-lo, Ágata acabou sendo pega em flagante e imediatamente foi mandada para a prisão IK-3 na Sibéria, onde Alexei Navalny algum tempo antes, também tinha ficado para ser morto de forma muito misteriosa em uma caminhada ao ar livre, depois de ter comido algo envenenado na prisão.

    Os mercenários de Ágata logo traçaram um plano para tirar à sua líder dali, pois sabiam que ela poderia morrer à qualquer momento. E assim, conseguiram tirá-la de lá à salva e sem nenhum arranhão ou maus tratos aparentes.

    A fulga foi difícil, pois os mercenários tiveram que matar toda a equipe da prisão sem deixar rastros para possíveis emboscadas no futuro.

    Mas Ágata ainda mantinha como objetivo principal de sua vida matar o presidente da Rússia, mas depois descobriu que os seus mercenários ficaram encarregados do serviço e exterminaram logo ele depois que ela tinha sido colocada naquela prisão nefasta.

    Ágata ficou revoltada com aquilo, pois ela queria sujar as suas mãos novamente com sangue de ditadores. Mas não foi assim que o destino quiz e ela teve que entender aquilo. Mas depois de um certo tempo, ela entendeu pelos noticiários de sua fulga, que aquele ato de morte tinha sido colocado nas costas de seus mercenários, então era como se ela também o tivesse matado enquanto estava na prisão.

    O mundo agora estava respirando um ar mais puro e democrático, sem que os ditadores ficassem no poder por pelo menos 26 anos, como era o caso do presidente russo, que tinha mudado até as legislações do país, visando sua própria permanência no poder.

    Ágata depois de todos aqueles eventos, decidiu extinguir o seu grupo de mercenários acabando com a sociedade dos irmãos e irmãs de guerra mundo afora. Deu baixa como Marechal principal e se auto exilou na Dinamarca – onde seus colegas de jornalismo diziam – que tinham os mais altos índices de felicidade do mundo. Pois talvez precisasse encontrar à tão sonhada felicidade novamente. Que por lá tinha outro nome: Hygge, que nada mais era do que a busca de uma vida que valorizava o conforto, o aconchego e a celebração dos prazeres simples da vida e talvez ela precisasse disso novamente.

  • A volta da democracia norte-americana

    abril 12th, 2025

    Ágata estava insegura de ter que fazer aquilo com os seus mercenários. Mais com os tarifaços que Donald Trump impôs ao mundo, o único jeito era matá-lo, para que assim, a democracia pudesse respirar sem o auxílio de aparelhos médicos.

    A tarefa era muito difícil, pois o principal governante do mundo sempre andava muito bem escoltado. Mas nada era impossível para os mercenários que tinham vencido as guerras para a Ucrânia e para a Palestina também.

    Assim, tudo foi esquematizado. Ágata seria a responsável pelo tiro certeiro na cabeça. E para que isso desse certo, treinou exaustivamente com os principais atiradores de elite do mundo. E no final do treinamento, estava mais segura de suas consequências se por acaso, aquile plano viesse à dar errado.

    Ela revisou onde iria dar o tiro em Washington D.C com os seus supervisores e recapitulava suas ações como se fosse um mantra budista.

    Ela dessa vez não poderia negar, mas estava mais nervosa do que o habitual, pois sabia de todas as consequências caso algo saísse fora de seus padrões de qualidade. Mas não tinha jeito. Donald Trump precisava morrer. E esse era o preço à pagar.

    Ou ela teria uma pena de morte horrenda ou os Estados Unidos nunca mais teriam a oportunidade de reconstruir uma democracia forte e estável novamente. E assim, o dia do plano tinha chegado no calendário, onde as famílias norte-americanas se reuniam para acompanhar na televisão o grande desfile do dia de ação de graças, onde o presidente iria desfilar em um carro aberto ao lado de sua linda esposa Melania Trump.

    Ágata estava no outro lado da rua na sacada, em um prédio alto e bem vistoso. Limpava a sua arma como se estivesse alisando a pelagem de um cachorro de raça irlandês. E assim, esperou… esperou e esperou, até que o carro presidencial apareceu e ela não perdeu a oportunidade de mirar na cabeça do lindo casal. Até hoje ela lembra de como estavam vestidos. O senhor Donald Trump estava com um sobretudo preto enquanto sua esposa, a senhora Melania Trump estava usando um vestido branco bem longo como se fosse casar pela segunda vez com a nação. E assim, se deteve um pouco, antes que o alvo transpasasse pela cabeça de Melania e de Trump, ao mesmo tempo, com apenas um tiro certeiro.

    A inteligência americana não estava acreditando naquilo. Os cavalos do desfile relincharam, enquanto o motorista do veículo presidencial rapidamente parou o carro para ver se seus passageiros estavam bem, mas instantaneamente soltou um berro aterrorizante que acabou sendo captado pelas emissoras internacionais que estavam ali para fazer aquela cobertura histórica do mundo depois do tarifaço de Donald Trump contra o mundo.

    Sem dúvida nenhuma, aquele seria considerado o tiro mais famoso da história, ultrapassando de longe o que matou John F. Kennedy, mas com uma diferença, ninguém iria colocar o nome em nenhum lugar dos Estados Unidos, para homenagear Donald Trump. Muito menos fazer qualquer tipo de escultura para realçar os seus feitos desastrosos como líder à ser seguido.

    A imprensa logo descobriu quem tinha feito aquilo e Ágata teve que viver para sempre em estado de alerta. Pois a imprensa tinha identificado a arma que tinha disparado o certeiro tiro na cabeça do casal à paisana. E era uma antiga AK-47 da época da União Soviética, que muitos diziam ser de Ágata, pois tinha até o seu nome inscrito com iniciais maiúsculas nela.

    Mas Ágata não estava preocupada com aquela perseguição descabível. Pois tinha mudado a cor do seu cabelo para ruivo, pois o seu próximo objetivo era matar o presidente da Rússia Vladimir Putin. Mas para isso, teria que esperar a poeira abaixar mais um pouco, pois agora todos os líderes do mundo estavam com medo de que fossem os próximos alvos à serem abatidos por Ágata, e assim, todos acabaram reforçando suas proteções pessoais, deixando o seu trabalho cada vez mais difícil.

    Os mercenários de Ágata comemoram muito aquelas mortes. Mais alguns disseram em reuniões que ela não precisava ter matado a sua esposa também, mais cada um sabia das consequências que teriam que lidar a partir de agora, então…

    Ágata agora era dada como procurada em todo o mundo. Interpol, CIA e FBI à procuravam como se ela fosse um pote enorme de ouro e diamentes, que traria mais admiração e respeito pelo orgão que à capturasse viva e não morta como muitos queriam.

    Os Estados Unidos depois que o seu presidente veio à óbito junto com a sua parceira de crimes federais, voltou à ficar nas mãos dos Democratas de plantão que acharam aquele plano magnífico para conseguirem reentrar no poder novamente. E assim, Michele Obama e Viola Davis assumiram de maneira provisória, os cargos principais daquele país em reconstrução, até que encontrassem alguém mais qualificado que elas.

    Enquanto isso, os mercenários de Ágata voavam com passaportes falsos até a Rússia, para o próximo passo.

    Ágata já tinha hackeado a inteligência do Kremlin na Rússia para saber todos os passos do presidente Russo Vladimir Putin. Para que assim, seus mercenários pudessem traçar um plano de matá-lo o quanto antes.

    E assim, decidiu esperar a sua equipe antes que pudesse fazer algo sem pensar. Enquanto à mídia se deliciava com a repercussão da morte do presidente norte-americano, estampando em seus jornais, os corpos putrefados do casal em plena praça pública para ser linchado. Lembrando a pós morte de Benito Mussolini na 2° Guerra Mundial.

  • Os mercenários de Ágata

    abril 11th, 2025

    Ágata tinha feito as suas malas. Estava decidida a ir até a Palestina testar seus limites de combate mais uma vez. No mesmo período em que todos estavam procurando resquícios seus.

    Antes de sair de seu secreto alojamento, Ágata fez mais uma recapitulação para ver senão estava esquecendo de nada. Estava levando alguns pares de roupas e muitas armas e munições, pois tinha a absoluta certeza que no meio do conflito, poderia lhe faltar ou uma coisa ou outra.

    Sendo assim, quando pousou na Palestina foi logo realocada para o regimento principal de combate. Pois todos já sabiam de suas habilidades de combate.

    Um dia antes do reinício da guerra, Ágata estava concentrada em suas armas e munições, limpado-as para que não à deixassem na mão na hora H. Já tinha perguntado aos seus superiores do plano e da emboscada principal contra os israelenses na Faixa de Gaza e todos ficaram impressionados com a sua determinação de exterminar seus inimigos à sangue frio.

    Ágata tinha virado uma guerrilheira, mas ainda nutria em seus dias de folga, uma sensibilidade enorme para a escrita. Anotando tudo o que via de errado e de certo em seu regimento, como se fosse uma inquisidora do mundo que estava prestes a explodir em sua volta. Mas no fim, sabia que os palestinos iriam sair com a vitória esmagadora em cima dos israelenses.

    E foi o que aconteceu, no momento em que Ágata ia avançando de posto em posto com sua equipe bem alinhada e preparada. Já não se importava mais se os seus oponentes tinham família ou um lar para voltar depois da guerra. Suas vidas eram dela!… Dizia para as suas armas no momento do combate, como se elas pudessem ter algum entendimento sobre o que estava acontecendo ali.

    A guerra tinha sido vencida pelos palestinos. Enquanto o regimento dos mercenários comemoravam em um lugar mais isolado e privado. Pois alegavam que não queriam atrapalhar a festa na cidade.

    O Hamas se viu ameaçado pelos mercenários de Ágata e decidiram assim, acabar com a sua organização criminosa quando viram que o povo palestino sairia do conflito vitorioso sem que precisassem buscar à sua ajuda para a realização daquele feito. E assim, os palestinos aceitaram os integrantes do Hamas em sua nova democracia onde não precisariam ficar presos para serem punidos. Bastava que fossem feitos trabalhos voluntários para se redimirem de ser quem realmente eram.

    A Palestina, depois do conflito, acabou criando um estado bem forte e abrangente. Os mercenários de Ágata foram condecorados com medalhas de honra, mas o mesmo acabou acontecendo. Ágata havia desaparecido no dia da vitória. Seu regimento ficou sem entender nada, mas tiveram alguns que entenderam aquela atitude perfeitamente.

    Ao final do conflito, o estado da Palestina foi enfim, reconhecido por todos os membros da União Européia e do mundo também. Mas Ágata havia desaparecido do mesmo jeito que aparecia em guerras e conflitos que geravam repercussões mundiais. Uns diziam que o jeito dela era esse, mostrar os seus serviços para a sociedade e depois desaparecer dos holofotes da fama e do cargo de heroína.

    Outros acreditavam que ela teria se cansado de passar a sua vida atrás de artigos de jornais e decidido combater os seus próprios conflitos internos, escolhendo as guerras que queria ganhar para o que o mundo voltasse a ter paz e prosperidade democrática.

    Mas o que Ágata tinha conseguido era exterminar as desigualdades sociais e as injustiças que aconteciam ao redor do mundo. E que ninguém combatia com o seu sangue e suor de trabalho como ela fazia diariamente. Arriscando a sua vida para que outras pudessem renascer em um estado democrático de direito.

  • Uma mercenária em combate

    abril 10th, 2025

    A primeira vez que Ágata pôs a mão em uma arma foi na Ucrânia. Ela tinha se tornado uma mercenária sem que ninguém soubesse disso. Era a única saída para vencer os russos, tendo em vista que, a Ucrânia não tinha soldados suficientes para o conflito sangrento.

    Para matar bastava estar viva!

    Era o que pensava para se motivar à matar. No início ela fez uma retrospectiva sobre a sua vida, mas depois achou que era ali em que ela devia estar até que os ucranianos saíssem vitoriosos daquela guerra.

    Ágata tinha sido escolhida para a linha de frente. Pois em seus treinamentos era sempre a mais determinada em matar o seu oponente. Mas tendo chegado o momento, Ágata refletiu mais um pouco e se deu conta que aquilo agora era para valer. Teria que atirar sem perguntar sobre a vida de seus oponentes. Se ele eram carinhosos em casa; se preparavam as refeições mais saborosas ou se liam romances e poesias para suas esposas e filhos.

    Ágata sentia o seu coração pulsar em seus rifles e armas. Como se elas tivessem vidas que estavam prestes à tirar.

    O comandante tinha enfim, dado à ordem para atacar. E com isso, Ágata tomou à dianteira e logo em seguida, se admirou com a sua atitude corajosa e louca de servir um país que nem era o seu para defender assim, com unhas e dentes.

    Talvez Ágata quisesse uma medalha por seus feitos heróicos em campos de batalhas, pensava seu superior. Mas no meio do conflito, ele descobriu que ela não estava ali para ser agraciada, e sim, queria apenas combater à injustiça social.

    Como consequência, o regimento ucrâniano foi ganhando cada vez mais territórios e quando se deram por si já estavam em solo russo.

    Foi só assim que descobriram que o conflito tinha apenas um vencedor. Os russos foram transformados em reféns dentro e fora do território ucraniano, enquanto o presidente: Vladimir Putin, se rendia ao poderio militar de Volodymyr Zelensky o então presidente da Ucrânia.

    O regimento ucraniano foi condecorado com uma medalha feita pela União Européia, que tinha ajudado com financimentos, suprimentos e armamentos. Ágata acabou não comparecendo a cerimônia alegando que não tinha nascido para que alguém lhe desse os parabéns por algo que qualquer pessoa poderia fazer, caso tivesse muito coragem e determinação em seu espírito para vencer o mal.

    Assim, os jornais acabaram publicando diversas fotos dela em combate e muitos não acreditaram que era ela. Pois Ágata estava Trajando um uniforme militar em que estava toda suja de terra e pólvora. Provas que qualquer vitória, teria que ser conquistada com muito suor e sacrifício se quisessem que utopias se tornassem reais.

    Seus textos de guerra na Ucrânia foram logo publicados também. E muitos começavam a contar à seus netos sobre os feitos de uma moça muito corajosa e destemida que tinha servido com eles na guerra. Ágata tinha se transformada em heroína, com estátuas espalhadas por toda a Ucrânia como se fosse um símbolo nacional à ser seguido por todas as faixas etárias daquele país destruído.

    Mas ninguém sabia por onde ela andava agora. Uns diziam que ela por ter saído bem ferida do combate, tinha resolvido aposentar toda a sua ousadia inabalável. Enquanto outros, tinham à certeza que iriam encontrá-la pelos jornais em algum novo combate externo ou interno muito em breve.

  • A poesia encontrada nas ruas

    abril 9th, 2025

    Ágata tinha virado uma lenda urbana. Uns diziam que em seus momentos finais ela estava lá para consolá-los até o juízo final; outros, diziam que ela tinha lhes protegido de algum perigo iminente como saqueamentos e roubos.

    Na redação do jornal português a decepção era gigantesca. A grande maioria não acreditava que a redatora chefe tinha pedido demissão para se tornar uma singela peregrina das estradas. Não entendiam o por quê dela ter escolhido aquele caminho incerto sem dinheiro para se alimentar muita das vezes.

    Enquanto isso, nas Universidades – onde Ágata deu as suas aulas e palestras sobre a geopolítica mundial – o sentimento era mais profundo e intenso. Seus colegas de ofício preferiam não falar sobre o assunto, mas nas aulas a maioria dos aprendizes insistiam no assunto, lendo cada vez mais os seus livros e artigos que ela tinha deixado para estudo. Ágata tinha virado uma espécie de celebridade intelectual.

    Já na Livraria Lello – onde por muito tempo tinha sido auxilixar e gerente – seus amigos entenderam perfeitamente aquela atitude bem pensada e planejada. Enquanto seus livros esgotavam na mesma velocidade que entravam no sistema.

    Os paparazzi agora tinham uma nova missão dificílima: encontrá-la custe o que custar; e qualquer foto que lembrasse seus feitos ou sua aparência, ela colocada nos jornais do dia seguinte trazendo um enorme lucro bancário para os empresários de plantão. Alguns até conseguiram tirar fotos de pessoas que até pareciam com ela no tamanho e no peso. Mas logo em seguida, muitos pensavam que não era ela naquela fotografia embaçada.

    Mas quem mais lucrou com aquele sumiço foram as editoras, que se degladiavam-se para ver quem iria sair na frente daquelas publicações que reuniam todo o seu trabalho em vários volumes. Mas por fim, tivemos uma editora campeã, que acabou ganhando da Bíblia, como o livro mais importante já escrito no universo.

    As pessoas à liam como se os seus textos fossem uma espécie de religião à ser proliferada em todo o planeta. Liam-na de manhã, tarde e noite. Antes e depois dos trabalhos de casa.

    É claro que as igrejas ficaram apavoradas com aquilo. Pois quase mais ninguém ia aos seus cultos semanais, alegando que não iam mais sustentar aquele pastor ou padre que fingia guiar suas ovelhas pelo caminho do nosso senhor.

    Ágata foi condenada por desvirtuar à ordem pública. Mas à essa hora já não mais importava, pois ninguém sabia aonde ela andava. Porém, para a grande maioria, ela tinha se tornado onipresente.

    Sua onipresença era vista nos jornais ao redor do mundo. Pois diversas publicações diziam que ela estava na Ucrânia guerrando ou na Palestina defendendo os injustiçados.

    Alguns diziam que tinham sonhado com ela. Que ela trazia boas novas para um mundo mais humano e justo. Livre de guerras e tarifas comerciais. Dizia que todos teriam livre acesso em qualquer país do mundo. Mas muitos duvidavam daquilo. Pensavam que estavam ficando malucos. Procuravam psiquiatras forenses que acabavam lhes dizendo a mesmo coisa que Ágata também acreditava em seus textos e livros. E assim, aceitavam o veredicto de uma intelectual das ruas, ao qual, ninguém sabia o seu nome e de onde teria tirado aquelas ideias revolucionárias que mudaram o mundo, prestes à entrar em extinção.

    Seu nome tinha virado sinônimo de revoluções sociais.

  • Na estrada de uma literatura

    abril 8th, 2025

    Ágata enfim tinha chegado ao topo. Aquele lugar onde todos almejam mas que pouquíssimos conseguem estar em permanente êxtase. Tinha conseguido bons empregos sendo uma mera estrangeira em terras lusas, mesmo ela tendo dupla cidadania.

    Afinal, ela sempre seria uma forasteira. Não importava se ela introduzisse algumas palavras em seu vocabulário, que só eram ditas em Portugal. Seu sotaque à entregava. Ela afirmava em querer esquecer o seu passado. Mas isso era impossível de se fazer. Pois sua trajetória estava impreganada de memórias sensíveis.

    A grande questão que permanecia em sua cabeça era: O que ela iria fazer com a sua vida dali para a frente?

    Será que teria para onde ir?…

    Tinha se tornado uma grande escritora, jornalista e professora.

    Sua vida pessoal não importava. Não tinha paciência para namoricos de beira de estrada. Estava muito ocupada tentando ser artista circense com suas palavras sempre em malabarismos.

    Tinha conseguido mudar um pouco o mundo. As pessoas já não eram mais guiadas por redes sociais. Preferiam redescobrir algum livro mofado nas estantes das bibliotecas do estado, que ninguém tinha tido à coragem de folheá-lo, ainda.

    Assim, parecia que a sua tarefa na terra já estava cumprida.

    Os países se repeitavam mutuamente, sem que ninguém se atrevesse a entrar em guerras comerciais, com tarifas altas de exportação e importação, como era o desejo do então ex-presidente dos Estados Unidos: Donald Trump.

    Outra política que Ágata acompanhou bem de perto foi a criação de um passaporte único. Onde todos poderiam circular livremente por qualquer país que quisessem, sem que com isso, pudessem sofrer as consequências de uma alfândega sempre maldosa e desconfiada de tudo e de todos.

    Agora, todos eram cidadãos do mundo. Usando uma mesma nacionalidade para poderem circular livremente. E assim, alguns começaram a ter sentimentos patrióticos pela mãe terra, dizendo que pertenciam à ela e à ela tudo deviam.

    Todos eram donos da terra. E isso causou como consequência um uso muito mais responsável de tudo que era público. Desde escolas até praças da vizinhança.

    O trabalho obrigatório passou a ser três vezes por semana apenas. Pois a nova sociedade alegava que tanto o homem como a mulher tinham que passar mais tempo com suas adoradas famílias. E assim, o capitalismo desenfreado foi sendo minado até a sua extinção completa. Levando os mais ricos a perderem todas as suas fortunas aplicadas em bancos e imediatamente convertidas para as instituições de caridade mundo afora.

    Ágata adorava encontrar alguns viajantes pela estrada – quando ia reabastecer seu veículo com algum frentista de plantão – Que levava consigo apenas o necessário para sobreviver às suas próprias intempéries ocasionais. Sobreviviam com o que tinham em suas pequenas mochilas. E lhe diziam que estavam fazendo aquilo por causa de seus textos elucidativos. E assim, Ágata foi levada à agir também.

    Se despediu de seus colegas na redação do jornal; nas Universidades em que dava aulas e palestras; e como gerente daquela querida livraria que fazia parte de sua vida, chamada apenas de Lello, para os mais íntimos.

    É claro que alguns já estavam suspeitando daquilo faz tempo. Mas em seu último dia de trabalho, sua estagiária pessoal já sabia que não à veria mais por ali. Pois Ágata olhava para aquele lugar como se estivesse se despedindo de todos, ao escutar aquele barulho gostoso de vozes pedindo novos furos jornalísticos para as suas fontes sempre anônimas.

    Nas Universidades e na livraria Lello foram a mesma coisa. Ágata nunca se despedia de ninguém alegando não suportar aquilo rotineiramente. Mas naquele dia em específico, fez questão de cumprimentar seus mentores, colegas e aprendizes de capa preta. E logo, mais alguns acharam aquilo muito estranho, mas decidiriam seguir com suas vidas sem pensar muito naquilo.

    No dia seguinte, para a surpresa da maioria, Ágata havia desaparecido sem deixar rastros em Portugal. Alguns diziam que à tinham visto na Espanha, Alemanha, outros na Itália e na França. E assim, o seu mito foi sendo criado a posteriori. Alguns também diziam que à tinham visto na estrada com uma mochila verde militar enorme, carregando apenas alguns suprimentos e se juntando fielmente ao seu séquito de seguidores nômades e ainda um pouco digitais.

  • Os nômades

    abril 7th, 2025

    As revoltas começaram a se instaurar em todos os países. E não demorou muito até que o povo decidisse transformar as suas políticas em um Anarquismo. Ágata achava tudo aquilo fabuloso, pois muitos estavam seguindo suas ideias de reformas parlamentares ao redor do globo. E assim, o poder estava enfim, voltando para as mãos do povo novamente.

    Muitos políticos começaram renunciaram aos seus cargos sem motivos aparentes. Abandonavam seus partidos políticos e iam curtir sua férias intermináveis nas Bahamas, alegando que estavam perdidos no meio de toda aquelas pessoas cultas e extrovertidas também.

    Ninguém gostava mais de enganar as pessoas com suas promessas econômicas sem sentido. Diziam que estavam fartos disso. Alegando que brigavam muito em casa. Era só alguém dizer que seria político que automaticamente todos iam contra aquela ideia sem fundamento.

    As universidades começaram a sofrer com isso também. Muitos desistiram dos cursos preparatórios sem nenhum motivo aparente e imediatamente iam para as artes ou para a temida filosofia do grego e latim.

    Os partidos foram fechando as portas também, alegando que ninguém mais queria se filiar às suas ideias. Explicavam que preferiam pensar por conta própria, sem que tivesse nenhuma cartilha para isso.

    Do que adiantava ser de direita, de esquerda ou de centro?…

    Se a sociedade era uma só!

    Ágata não estava sozinha nessa. Existiam outros pensadores que ajudavam a guiar a sociedade por caminhos ainda pouco explorados pela civilização. Então… Por que ficar se baseando em ideias advindas de partidos políticos que nunca tinham ido até onde os mapas terminavam?

    Logo na sequência, víamos o início da falência dos bancos também. O povo agora preferia guardar o seu dinheiro em casa ou na caçamba de algum furgão antigo e pouco rodado. Porém, alguns resolveram contruir casas sob quatro rodas e saiam para descobrir e desbravar o mundo. Parando em pontos de abastecimento e perguntando para onde ficava tal estrada ou lugar, ao qual, nunca tiveram a oportunidade de visitar.

    Na opinião de alguns conservadores, eram tempos muito sombrios e estranhos. Pois como assim, ninguém mais queria ser governado?…

    A segurança também tinha sido extinta. Pois não havia mais os departamentos de polícia. O povo afirmava que ninguém mais precisava de armas para se defender. Qualquer um podia entrar em sua casa e pegar o que quisesse para sobreviver. Contanto, que não violasse ninguém. Essa era a nova lei para os forasteiros.

    As casas que ficaram abandonadas foram logo ocupadas. Mas depois de algumas semanas os novos moradores se cansavam do lugar e da paisagem e voltavam para a estrada. Afirmando que não existia lugar melhor no mundo do que desbravar o desconhecido.

    A maioria sobrevivia com piqueniques. Paravam nos acostamentos de estradas e dividiam o que tinham com estranhos ou trocavam mercadorias com muita educação e bom senso.

    Ágata acreditava que aquele mundo era muito mais cortês e inclusivo. Pois todos estavam indo para algum lugar em específico. Levando consigo suas mulheres, maridos, filhos e cachorros.

    Parecia que todo aquele explendor da década de 60 tinha finalmente voltado. Ou quem sabe estava prestes a acontecer novamente, como diria Paul McCartney, em sua autobriografia autorizada, intitulada: Many Years from Now.

    O mundo novo estava clamando por Arte. Os artistas se sentiam representantes do povo e faziam suas produções artísticas baseados em diversas atrocidades que se depararavam ocasionalmente. Fazendo com que a sociedade viesse a refletir sobre aquilo de uma maneira muito mais profunda.

    A sociedade por sí só se autorregulava. E aqueles que não sentiam a necessidade de viajar, mantinham as suas casas em constante arrumação para receber andarilhos que precisavam de conforto, comida e descanso.

    Ágata tinha feito amizade com alguns ciganos que se estabeleciam em Lisboa provisoriamente. Os portugueses olhavam embasbacados para aquela nova cultura. Ficavam todos admirados com o desapego que eles tinham as coisas e ao dinheiro. Mas em compensação, eram extremamente eruditos no mundo das artes. Expondo suas fotografias e pinturas em diversos museus do mundo, sem que recebessem os royalties devidos por aquilo.

    E assim, aos poucos, as crianças se projetavam em um futuro onde também queriam ser artistas reconhecidos pelo seu trabalho em prol de uma sociedade mais justa e sustentável também. Com comida na mesa e tendo o que vestir para os dias mais frios e tristes que poderiam vir à enfrentar.

  • Aprecie, observe e sempre redija

    abril 6th, 2025

    Ágata chegou a conhecer pessoalmente o presidente de Portugal. Acabou ganhando uma medalha de honra como se fosse uma cavaleira solitária igual a Joana d’Arc tinha sido na idade média. Mas pelo menos, não tinha sido queimada viva pelo povo em constante revolução na França.

    Por um lado, até que tinha sido bom todo aquele reconhecimento em rede nacional. O Presidente lhe aconselhou a continuar o seu trabalho como ativista e escritora. Pois em sua visão, ainda tinha muitos jovens perdidos na sociedade sem saber o que fariam da vida. E ela era um exemplo a ser seguido dali para a frente.

    Ágata concordou com aquilo tentando disfaçar, mas ainda se achava tão ou mais perdida que os seus séquito fiéis de fãs ao redor do mundo. Pois o que ela tinha a dizer à eles?… Por onde teriam que começar suas vidas sem sentido?… Para onde iriam depois de uma revolução banhada à sangue e desilusões?… E por fim… Onde aquelas estradas lhe levariam depois de um dia de trabalho árduo, mas muito produtivo artísticamente?…

    O que ela faria ao final da estrada?…

    Tinha trocado de nome e em várias entrevistas mundo afora, quase não dizia quem tinha sido suas influências no ramo artístico. E afinal… o que isso importava?

    O importante era influenciar pessoas a conseguirem a proeza de realizar os seus sonhos de maneira que a Arte pudesse falar por si só. E ao fim e ao caso… o que realmente importava era a eternidade de já ter percorrido diversas estradas que muitas das vezes poderiam levar a abismos intransponíveis, mas que por outro lado, poderiam levar a descobertas de outros modos de vida, que antes era impensáveis de se planejar.

    E era exatamente isso que Ágata estava fazendo com a sua vida. Pois seus ídolos já estavam todos mortos e ela ainda permanecia a mesma criança de sempre. Desertora, arisca e bastarda. Sendo dona do mundo e o mundo pertencente à um outro alguém. Que muitos diziam ser de Deus ou de algum guru budista com um nome esquisito, mas que estava cheio de sabedoria filosófica, que no final, não servia de nada, se você fosse aquele alguém que simplesmente não agia.

    Ninguém poderia lhe mostrar o caminho. Pois cada um tinha que percorrer o seu sem a ajuda de nenhum pedinte. E assim, Ágata se tornou um simbolo de resistência feminina e um exemplo a ser seguido. Mas nem todos tinham os seus talentos para a escrita e a reflexão. Pois aquilo era só dela! E ela não podia se dar ao gosto de sair por aí distribuindo seus panfletos com histórias que eram achadas nas ruas por caminhoneiros que sorriam ao lerem aquilo.

    Levavam para as suas esposas em casa como se tivessem encontrado diamentes no meio da rua. E muitos colocavam em murais e em quadros com muito valor de mercado. E assim, Ágata ia vivendo e escrevendo o que lhe vinha pela cabeça, como se ela tivesse o poder de mudar o mundo com suas reflexões sobre um possível mundo melhor. E no final… talvez tivesse esse poder mesmo.

    Suas lembranças daquele país do futuro logo vieram à sua cabeça. Mas ela não teve a coragem de voltar para o Brasil. Nem para visitá-lo por um instante sequer. Pois acreditava naquela profecia que dizia que ninguém poderia voltar para a sua terra natal, pois muita das vezes, a pessoa poderia encontrar o local totalmente modificado e isso por si só, não valia a pena de ser visto, para logo em seguida, se tornar um ambiente decepcionável.

    E assim, Ágata decidiu seguir em frente, angariando experiências, decepções e amarguras que se transformaram em ótimas histórias que terminavam em algum livro ou postal de boas vindas à nova terra portuguesa. Que tinha sido descoberta por um enxame de brasileiros bem capacitados e comprometidos por um mundo melhor que não fosse aquele em que conheciam, onde o governo roubava o povo e o povo roubava à sí mesmo no meio da rua, não importando se fosse no período diurno ou noturno.

  • O mundo dos paparazzi

    abril 5th, 2025

    A maioria das pessoas seguiam os seus caminhos até encontrarem o sucesso em suas vidas, mas depois que encontravam, fugiam do assédio como se não quisessem aquilo naquela determinada proporção em suas singelas existências. Era assim que sempre funcionava no famoso showbiz do entretenimento.

    Ágata agora se via numa encruzilhada sendo porta voz de uma geração que tinha passado pelo terremoto das redes sociais e que agora caminhava sem ajuda desses aplicativos inúteis. A tarefa era muito difícil, pois nem sempre Ágata sabia o que iria falar diante de novas câmeras de paparazzi, que sempre surgiam de forma muito inesperada, quando ela estava fazendo compras ou indo ao salão de beleza para ser mais uma mulher qualquer.

    Mas enfim… Ela acabou aceitando à responsabilidade daquilo. Tentando sempre tratá-los com muita gentileza, o que nem sempre era tarefa fácil.

    Agora todos queriam saber como era o seu dia a dia. Que tipo de comida ela gostava e até qual era a sua pasta de dente favorita. E isso tudo era muito inútil de alguém querer saber nos dias de hoje, mas enfim… era a sua vida a partir daquele instante.

    Ela estava sentindo o peso da fama. Pois absolutamente não tinha nascido para aquilo, mas seus ídolos tinham, então… era melhor segui-los de qualquer maneira se quisesse sair viva daquele furação.

    Ágata agora tinha virado patrimônio de Portugal. Pois agora todos sabiam aonde ela ia e com quem ia. É claro que os paparazzi se aproveitaram da situação e imediatamente à colocaram namorando diversas personalidades do mundo das artes cênicas. O que levava a crer que tudo era mentira de tablóides sem experiências naquilo.

    Sua vida tinha se transformado em um grande caos absoluto. E ela agora tinha se tornado uma influencer de renome internacional. Ela querendo ou não. Suas roupas eram imitadas e até o que ela lia se tornava um grande best-seller mundialmente reconhecido. E isso em sua visão de mundo era até bom. Pois que mal isso iria fazer para a humanidade?

    Ágata não perdeu a sua personalidade, mas a forma como os seus colegas à tratavam acabou mudando para pior. E logo, ela se viu impedida de fazer o seu trabalho na redação do jornal. Pois seu telefone não parava de tocar enquanto trabalhava em seus textos de maniera sempre muito primorosa. E assim, ela aceitou trabalhar uma temporada em Home Office para ver se aquela onda da fama passava rápido.

    Os Happy Hour’s também tiveram que ser interrompidos. Tanto na redação do jornal como nas Universidades em que dava aulas e palestras. Pois os tablóides logo começavam a conjecturar quem estava namorando quem, causando uma instabilidade nos relacionamentos individuais de todos os que estavam envolvidos. E dessa maneira, Ágata acabou se distanciando de seus colegas de trabalho por um certo período de tempo. Mas incrivelmente, isso tudo não afetou o seu trabalho. Sua explicação para isso?… Era o amor que mantinha pela escrita e pela leitura desde que era uma menininha.

    Porém, o pior cenário estava apenas começando, pois em suas férias na Grécia, foi o mesmo horror de sempre. Pessoas se jogando em cima dela para pedir mais alguns autógrafos – que valiam cada vez mais – e qualquer foto que era tirada dela, automaticamente era colocada nos jornais do dia seguinte com manchetes nada gentis.

    Ágata percebeu que nada mais adiantava. Pois ela agora era reconhecida em todo o globo. Porque sempre arrumavam novas maneiras de traduzi-la mundo afora. E assim, ela decidiu voltar do Home Office por conta própria, tentando manter a sua vida antes da fama. E por isso decidiu demitir todos os seus seguranças alegando que se um dia morresse, seria por descuido dela e de mais ninguém.

  • Me tornando uma imortal das letras

    abril 4th, 2025

    Para o grande deleite de Ágata, à sociedade tinha finalmente chegado em um estado de melhor consciência agora. Eles tinham sido purificados das redes sociais. E surgiram imediatamente grandes pensadores e pensadoras que queriam reorganizar as sociedades em que estavam.

    Alguns se transformaram em profetas das ruas, colocando sempre suas experiências em primeiro plano, para que pudessem ajudar seus semelhantes. E assim, o que antes era considerado um capitalismo competitivo e avassalador, se transformou em um humanismo filosófico.

    Parecia que a maldade deste século tinha ido embora para sempre, pois agora, todos estavam caminhando juntos na construção de uma nova estrutura social, que não fosse a busca desenfreada pelo dinheiro. Porém, é claro, todos ainda precisavam das cifras para se manter e sobreviver, mas agora, todos os países incentivavam seu povo com auxílios robustos, para a cultura e arte que antes era desviada para fins dos governantes.

    Ágata percebeu as primeiras mudanças quando diversos escritores e escritoras se tornaram Best-seller e simplesmente lotavam as livrarias mundo afora com filas para quem conseguisse pegar os seus autógrafos. Mas não era só isso! Qualquer livro que era lançado simplesmente esgotava em questão de segundos os estoques das livrarias. E isso gerava mais lucros para aquela cidade que era convertida com mais cultura para o povo, se tornando rapidamente um círculo muito vicioso e prazeroso de se estar.

    As pessoas pareciam mais cultas e inteligentes, pois todas exalavam uma criatividade impressionante com o seu tempo livre. Produzindo artes, poemas, romances, contos e crônicas que guardavam até em bancos como se aquilo fosse valer uma fortuna com o passar do tempo. E no fim, realmente valiam.

    Com o tarifaço dos produtos de outros países que agora entravam nos Estados Unidos com uma porcentagem muito alta – pois o presidente Donald Trump queria que as empresas norte americanas voltassem a produzir os seus produtos em território nacional – a moeda para investimento a longo prazo instantaneamente mudou para o Euro e a Libra; e assim, aos poucos, o dólar foi perdendo sua força de mercado até que chegou o momento em que quase nenhuma empresa queria abrir suas portas em solo americano.

    Isso foi muito bom para os outros países. Pois agora todos cresciam em pé de igualdade se comparados aos Estados Unidos – que tinham ficado muito isolados do resto do mundo – que não eram mais considerados a Terra Prometida, como Barack Obama tinha escrito em sua autobiografia de volume 1.

    Brasil acabou crescendo muito com essas mudanças americanas. Mas Ágata não gostava muito de pensar em sua terra natal, pois os seus pais tinham morrido nela e isso lhe trazia dolorosas recordações dos corredores de alguns hospitais que ela desejava nunca mais ter que visitar.

    Ela agora estava muito mais segura em um país europeu que tinha desboberto o dela. Seu português tinha melhorado muito e seu vocabulário agora era uma mistura de portunhol com a gíria brasileira. Mas ela sempre tentava esconder ao máximo a sua origem, pois ela acreditava que aquilo não definia ninguém. O que importava realmente, como diria Bob Dylan – que também não tinha mantido o seu nome de batismo – era o que a pessoa era capaz de produzir em arte para à sociedade. Isso sim, era o que definia todos em questão de criatividade artística.

    Todos na redação do jornal português ficaram chocados com aquela revelação de sua autora. E logo, se formaram alguns burburinhos pela cidade do Porto, para que alguém pudesse enfim, encontrar a sua verdadeira identidade com nome real e filiação também. Mas é claro… Não conseguiram desvendar aquilo daquela autora genial.

    Era melhor assim pensavam alguns… Pois quando se revelava todos os mistérios de uma pessoa, era sinal que esse ser já não tinha capacidade de viver mais entre os mortais. E assim, Ágata passou a fazer parte de um seleto grupo de escritores e cientistas portugueses que frequentavam a imortal academia das Ciências de Lisboa (ACL), que tinha sido fundada em 1779.

    Ágata ficou honradíssima com aquele convite. O que à fez relembrar de toda a sua trajetória, que tinha sido permeada com muitas inseguranças até que chegasse finalmente em Portugal. Mas agora era uma mulher feita. E o medo não fazia mais parte de suas palavras ditas e não ditas. Pois aquela palavra impedia qualquer um de perseguir os seus sonhos, mesmo que pudessem falhar mil vezes. Mas em algum momento, à perseverança ganharia espaço nas mentes mais criativas e loucas que pudessem acreditar que fazendo o impossível, estavam concretizando o possível.

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